Memórias e sentidos históricos da “perseguição ao samba” no Rio de Janeiro Pós-abolição

Visualizações: 91

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.33871/23179937.2023.11.3.7968

Palabras clave:

Perseguição ao samba, Racismo, Memória, Pós-abolição carioca

Resumen

Este artigo discute as memórias e sentidos históricos da ideia de “perseguição ao samba” durante a Primeira República no Brasil. Baseado na análise de depoimentos orais de musicistas negros e na historiografia do pós-abolição carioca, argumento que essa ideia, ainda que pareça imprecisa aos olhos da historiografia acadêmica, cumpre a função política de marcar e não deixar que seja esquecido um contexto histórico de violências raciais vinculadas à música, mas não restritas a ela. Sua inclusão na historiografia do samba é, portanto, uma vitória relativa da visão de mundo das comunidades negras nas negociações que estas empreenderam com grupos de maior poder.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Lurian Reis da Silva Lima, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Pós-doutor no departamento de Música da UNIRIO, com bolsa FAPERJ NOTA 10. Foi Bolsista de Doutorado do CNPq, Pesquisador Visitante da Fulbright no Departamento de História da New York University. Integra o Grupo de Pesquisa Educação Saberes e Decolonialidades (UnB), Grupo de Estudo e Pesquisa Cultura Negra no Atlântico (UFF), o Laboratório de História Oral (UFF), o Grupo de Trabalho Emancipações e Pós-Abolição da ANPUH e o Laboratório de Etnomusicologia da UFRJ. É Mestre em Música, Bacharel e Licenciado em Música, Licenciado em História. Atua como pesquisador e professor nas áreas de História e Música, discutindo temáticas relacionadas a racismo, conflitos raciais e protagonismo negro na sociedade e cultura do Brasil República; música, cultura e identidade negra na Diáspora Africana; música, historiografia e identidade nacional no Brasil; educação antirracista e intercultural. 

Citas

ABREU, M. Da senzala ao palco: canções escravas e racismo nas Américas, 1870-1930 [recurso eletrônico] Campinas: Editora da Unicamp, 2017. DOI: https://doi.org/10.7476/9788526813960

ABREU, Martha. O império do Divino: festas religiosas e cultura popular no Rio de Janeiro (1830-1900). Tese (Doutorado em História). Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de História, Campinas, 1996.

ALBUQUERQUE, Wlamyra R. de. O jogo da dissimulação. Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

ARANTES, Erika B. O porto Negro- cultura e trabalho no Rio de Janeiro dos primeiros anos do século XX. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de História, Campinas, 2005.

BENTO, Maria Aparecida. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, Iray; BENTO, Maria Aparecida Silva (Org.). Psicologia social do racismo – estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Edição digital. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, L. 380-955.

BRASIL, Eric. Muitos caminhos até chegar ao samba. Revista Tempo, v. 23, n. 2, maio/ago. 2017. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/TEM-1980-542X2017v230213>Acesso em: 08 jun 2023 DOI: https://doi.org/10.1590/tem-1980-542x2017v230213

BUTLER, Kim D. Freedoms given, freedoms won: afro-Brazilian in post-abolition São Paulo and Salvador. New Brunswick, NJ; London: Rutgers University Press, 1998.

CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não ser como fundamento do ser. Tese (doutorado em Educação). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.

CARNEIRO, Sueli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (doutorado em Educação). São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.

CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis, historiador. São Paulo: ed. Companhia das Letras, 2003.

CHALHOUB, Sidney. Trabalho, lar e botequim. O cotidiano dos trabalhadores no Rio de Janeiro da Belle Époque. Campinas: Editora da Unicamp, 2012.

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade. Uma história das últimas décadas da escravidão da corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

CHAZKEL, Amy. O lado escuro do poder municipal: a mão de obra forçada e o Toque de Recolher no Rio de Janeiro oitocentista. Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 5, n. 9, p. 31–48, 2013. DOI: 10.5007/1984-9222.2013v5n9p31. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/mundosdotrabalho/article/view/1984-9222.2013v5n9p31. Acesso em: 17 nov. 2023. DOI: https://doi.org/10.5007/1984-9222.2013v5n9p31

CRUZ, Tamara. P. dos S. As escolas de samba sob vigilância e censura na ditadura militar: memórias e esquecimentos. Dissertação (Mestrado em História) — Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Departamento de História, 2010.

CUNHA, M. C. P. Ecos da Folia: Uma História Social do Carnaval Carioca entre 1880 e 1920. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

CUNHA, Maria Clementina da. “Não tá sopa”: Sambas e sambistas no Rio de Janeiro, de 1890 a 1930. Campinas: Editora Unicamp, 2015. [e-book]

DANTAS, Carolina Vianna. Monteiro Lopes (1867-1910), um “líder da raça negra” na capital da república. Afro-Ásia, n. 41, Salvador, 2010, p. 167-209. DOI: https://doi.org/10.9771/aa.v0i41.21201

DOMINGUES, Petrônio. Cidadania por um fio: o associativismo negro no Rio de Janeiro (1888-1930). In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 34, no 67, p. 251-281 – 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-01882014000100012

FONSECA, Thiago Teixeira. A região portuária do Rio de Janeiro no século XIX: aspectos demográficos e sociais. Almanack, Guarulhos, n. 21, p. 166-204, abr. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/2236-463320192105

GALANTE, Rafael. Da cupópia da cuíca: a diáspora dos tambores centro-africanos de fricção e a formação das musicalidades do Atlântico Negro, séculos XIX e XX. Dissertação (Mestrado em História). Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História Programa de Pós-graduação em História Social, São Paulo, 2015.

GATO, Matheus. O massacre dos libertos: sobre raça e república no Brasil (1888-1889). São Paulo: Perspectiva, 2020.

GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência. São Paulo. Editora 34, 2001.

GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos. Lugar de negro. Rio de Janeiro: Editora Marco Zero. 1982.

GUIMARÃES, Antonio Sérgio. Como trabalhar com “raça” em sociologia. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29, n. 1, p. 93-108, 2003 DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-97022003000100008

HERTZMAN, Marc A. Making samba: a new history of race and music in Brazil. Durham and London: Duke University Press, 2013. DOI: https://doi.org/10.1215/9780822391906

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogá, 2019.

LARA, Silvia Hunold; PACHECO, Gustavo (Org.). Memória do Jongo: as gravações históricas de Stanley J. Stein. Vassouras, 1949. Rio de Janeiro: Folha Seca; Campinas: CECULT, 2007.

LIMA, L. J. R. da S.; KOYAMA, A. C. Um livro sobre canções escravas: diálogos entre arte, memórias, arquivos e educação, sobre a obra de Martha Abreu "Da senzala ao palco: canção escrava e racismo nas Américas (1870-1930)". Acervo, [S. l.], v. 32, n. 3, p. 165, 2019.

LIMA, Lurian J. R. S. O mistério do “Mistério do Samba”: raça e o paradigma da mediação na historiografia da música popular no Brasil (1933-2017). Opus, Opus, Porto Alegre, v. 27 n. 3, p. 1-40, set/dez. 2021. DOI: https://doi.org/10.20504/opus2021c2705

LIMA, Lurian J. R. S.; SILVA, Ana Tereza R. Trajetórias Formativas de Musicistas Negros no Pós-Abolição (1890-1930). Educação & Realidade, Porto Alegre, Porto Alegre, v. 47, e116429, 2022. https://doi.org/10.1590/2175-6236116429vs01 DOI: https://doi.org/10.1590/2175-6236116429vs02

LIMA, Lurian José Reis da Silva. Por uma história cultural da música: conflitos sociais e simbólicos no horizonte do músico-historiador. Opus, v. 25, n. 1, p. 72-93, jan./abr. 2019. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.20504/opus2019a2504>. Acesso em: 29/05/2019. DOI: https://doi.org/10.20504/opus2019a2504

LIMA, Lurian José Reis da Silva. De Ismael Silva ao presente: por uma história antirracista da música popular. In: BESSA, Virgínia de Almeida; PÉREZ GONZÁLEZ, Julia-na. (ed.). Sudeste. Vitória: Associação Nacional de Pesqui-sa e Pós-Graduação em Música, 2023. p. 308-339.

MAGGIE, Yvonne. “Medo do feitiço”: relações entre magia e poder no Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1992.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.) El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana-Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre Editores, 2007. p. 127-167.

McCANN, Bryan. Hello, Hello Brazil: popular music in the making of modern Brazil. Durham & London: Duke University Press, 2004. [versão Kindle]. DOI: https://doi.org/10.1515/9780822385639

MONSMA, Karl. A Reprodução do Racismo: Fazendeiros, Negros e Imigrantes no Oeste Paulista, 1880-1914. São Carlos: EDUFSCAR, 2016.

MORAES, José Vinci de. Os primeiros historiadores da música popular urbana no Brasil. In: ArtCultura, Uberlândia, v. 8, n. 13, p. 117-133, jul.-dez. 2006.

MUKUNA, Kazadi Wa (1978). Contribuição Bantu para a música popular brasileira: perspectivas etnomusicológica. São Paulo: Terceira Margem, 2000.

PINTO, Ana Flávia Magalhães. Fortes laços em linhas rotas: literatos negros, racismo e cidadania na segunda metade do século XIX. Tese (Doutorado em História). Unicamp, Instituto de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Campinas, 2014.

PORTELLI, Alessandro. História oral como arte da escuta. São Paulo: Letra e Voz, 2016.

POSSIDONIO, Eduardo. Entre Ngangas e manipansos. A religiosidade centro-africana nas freguesias urbanas do Rio de Janeiro de fins do oitocentos (1870-1900). Salvador: Sagga, 2018.

ROSA, Laila. Poéticas sonoras de Dissidências e "rexistências": os (trans)feminicídios e racismos epistêmicos e musicais no Brasil. Cadernos do GIPE-CIT, n. 41, 2018.

SANDRONI, Carlos (1997). O feitiço decente: transformações do samba no Rio de Janeiro (1917-1933). Edição digital. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2013.

VIANNA, Hermano (1995). O mistério do samba. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2014.

VIDILI, Eduardo. Trânsito e significados do pandeiro no Rio de Janeiro (1900-1939). Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 79, p. 134-154, ago. 2021. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i79p134-154 DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v1i79p134-154

VIDILI, Eduardo. Registros da repressão policial ao pandeiro em periódicos do Rio de Janeiro durante as três primeiras décadas do século XX. ANAIS DO V SIMPOM 2018 - SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PÓS GRADUANDOS EM MÚSICA, Rio de Janeiro, 2018.

Publicado

2023-12-24

Cómo citar

Reis da Silva Lima, L. (2023). Memórias e sentidos históricos da “perseguição ao samba” no Rio de Janeiro Pós-abolição. Revista Vórtex, 11(3), 1–22. https://doi.org/10.33871/23179937.2023.11.3.7968

Métrica