A Modinha e seus paradigmas: a modinha arcádica, romântica e a repopularização de Catulo da Paixão Cearense
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https://doi.org/10.33871/23179937.2023.11.3.7989Palavras-chave:
Modinha, Caldas Barbosa, Augusta Candiani, Catulo da Paixão Cearense, Villa-LobosResumo
A Modinha nasceu de uma simbiose entre a Moda portuguesa séria de salão, com a Modinha brasileira, aparentada do Lundu desde sua origem. Seus primeiros espécimes estiveram a cargo de Caldas Barbosa, brasileiro, responsável pela sua difusão em Portugal. A duas vozes e acompanhada de viola, com caráter de Lundu, era composta em versos arcádicos, e referências a rituais de Baco. Com a vinda da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, e a consequente importação de montagens de óperas italianas para o Brasil, se tornaria, gradualmente, derivada da ária italiana. Ao abandonar as cordas dedilhadas, passaria o século XIX como canção acompanhada de piano, de salão, interpretado por cantoras como a soprano Candiani, em um processo de deculturação. A repopularização seria apenas no século XX, com seu retorno ao violão de Catulo da Paixão Cearense. Villa-Lobos, por fim, a transformaria em peça de concerto.
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