Reflexões sobre escrita e ensino a partir do vestibular como elo dialógico entre práticas letradas
DOI:
https://doi.org/10.33871/22386084.2020.9.16.152-169Abstract
Neste trabalho, a partir do conceito bakhtiniano de dialogismo/relações dialógicas, desenvolvemos algumas reflexões sobre a escrita institucionalizada e práticas de ensino. Para tanto, correlacionamos propostas de redação de duas provas vestibulares de uma mesma e destacada instituição de Ensino Superior no país. Na discussão, retomamos os enunciados dessas propostas para observar formas diversas de configuração das relações dialógicas em suas composições e nas expectativas nelas engendradas sobre novas relações dialógicas a serem estabelecidas nas produções textuais dos escreventes cuja diversidade cresce cada vez mais. Compreendemos os textos produzidos nesse contexto de avaliação como gêneros discursivos realizados em eventos específicos de letramentos nos quais relações dialógicas são esperadas e muito podem revelar sobre práticas de escrita. As reflexões realizadas confirmaram haver diálogos explícitos e implícitos nas propostas de redação e a expectativa de que os escreventes respondam a esses diálogos em seus textos escritos continuando-os. Além disso, também discorremos sobre o que se espera desses estudantes quando ingressarem na universidade e tiverem de produzir gêneros acadêmicos, a saber, que continuem a mobilizar relações dialógicas em suas produções escritas. Finalmente, ficou evidente o fato de que há maneiras diferentes de se estabelecer as relações dialógicas quando se escreve, o que deveria, portanto, pautar práticas de ensino.