A noção de relação pessoal ao saber na teoria antropológica do didático
uma análise sobre seu uso nas teses brasileiras de 2012-2022
DOI:
https://doi.org/10.33871/rpem.2024.13.32.9481Resumo
O presente artigo objetivou realizar uma análise da utilização da noção de relação pessoal ao saber “R(X, O)” nas teses brasileiras defendidas no período entre 2012 e 2022, cuja a Teoria Antropológica do Didático (TAD) foi o referencial principal. O estudo é um recorte da dissertação de mestrado da primeira autora, que discutiu um conjunto de categorias para otimizar o uso da noção de relação pessoal ao saber como unidade de análise na TAD. Partimos da hipótese de que a noção R(X, O), apesar de importante para a teoria, não tem sido utilizada como unidade de análise, indicando o que Yves Chevallard chama de naturalização, ou seja, quando um saber ou técnica é invisibilizado na prática institucional. Assim, neste estudo a nossa questão norteadora é: a noção de relação pessoal ao saber é utilizada como unidade de análise nas teses brasileiras defendidas no período entre 2012 e 2022, cuja a TAD foi o referencial principal? O estudo é de natureza qualitativa e bibliográfica, que, por meio do mapeamento vertical, observou a compreensão de como essa noção é utilizada no âmbito dos estudos que fizeram parte do corpus. Os resultados mostram que, na maior parte das pesquisas, a noção é anunciada no referencial teórico, porém não é utilizada como unidade de análise, corroborando em parte com nossa hipótese de naturalização, no sentido de Chevallard. Contudo, nas teses em que ela é utilizada como unidade de análise, a noção de relação pessoal se mostra fundamental para compreensão dos fenômenos investigados.
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