Lésbicas e Ensino Superior: entre o silêncio e a fala
DOI:
https://doi.org/10.33871/22386084.2020.9.17.26-51Resumo
O presente texto aborda acesso e permanência de lésbicas nas universidades. Os questionamentos analíticos no cerne da pesquisa baseiam-se no conceito de heterossexualidade compulsória de Adrienne Rich, de modo a refletir como este elemento pode interferir nas trajetórias universitárias de lésbicas. Também ancorada pelos pensamentos de Audre Lorde sobre a transformação do silêncio em ação, apresentam-se dados acerca da visibilidade lésbica através da linguagem, esta como uma das apostas para o enfrentamento das desigualdades acadêmicas. Assim, ao buscar compreender a construção das representações lésbicas nas universidades, são analisados relatos gerados a partir de questionário online, com participação de 110 lésbicas de universidades em Porto Alegre (RS) e região metropolitana. Foram selecionados relatos passíveis de serem percebidos como intolerância e preconceito, na universidade. As informações indicam ainda raça/etnia e área de conhecimento do curso como fatores de influência em tais fenômenos. Foram destacadas respostas que apresentam quatro tipos de situações, a saber: a lesbianidade foi negada por docentes ou colegas; ocorreu isolamento social no ambiente acadêmico resultante e em resposta à visibilidade lésbica; a sexualidade das lésbicas foi reivindicada como fetiche por colegas homens; e as lésbicas confrontaram comentários homofóbicos e lesbofóbicos na universidade. Ao romper o silêncio, as falas das participantes da pesquisa puderam potencializar o enfrentamento às discriminações sofridas pelas estudantes lésbicas. Assim, as considerações deste artigo objetivam divulgar os resultados encontrados e fortalecer tanto o campo de estudos quanto ampliar as possibilidades de acesso e permanência para lésbicas nas universidades.