Masculinidades e educação: aspectos teóricos e a enunciação bolsonariana
DOI:
https://doi.org/10.33871/22386084.2020.9.17.201-227Resumo
A escola é um importante espaço social onde se (re)produz gênero, configurando-se como uma das instituições que reflete as estruturas de poder da sociedade e um local onde acontece a construção das identidades femininas e masculinas. Na perspectiva das teorias de gênero, esse artigo visa traçar considerações teóricas acerca do processo de construção de masculinidades no período da infância e da juventude, no contexto escolar, articulando tais teorizações com falas do ex-Deputado Federal e, atual presidente, Jair Bolsonaro. Trata-se de um ensaio teórico que propõe a articulação entre conceitos e ideias de autores como Pierre Bourdieu, Raewyn Connel, Judith Butler e Guacira Louro, bem como outros(as) pesquisadores (as) que vem se debruçando sobre as questões de gênero e masculinidades no âmbito escolar. Além disso, propõe-se uma análise de falas do presidente Jair Messias Bolsonaro, disponíveis na plataforma digital Youtube, buscando compreender como o atual presidente da república e o grupo que ele representa percebem a construção das masculinidades na escola. Os resultados revelam que, apesar das transformações sociais, as escolas continuam reproduzindo práticas pedagógicas que possuem relação com o patriarcado, reforçando o padrão hegemônico que busca produzir homens fortes, viris e heterossexuais. As falas do presidente da república, Jair Bolsonaro, refletem o crescimento dos discursos conservadores no Brasil e são carregadas de representações do patriarcado e do discurso que sustenta o modelo de masculinidade hegemônica. Observa-se uma maior preocupação do presidente com a garantia do status de virilidade dos meninos, revelando a presença de discursos que operam no intuito de garantir a manutenção do patriarcado e dos modelos tradicionais de masculinidade.