Deslizando na Canção? O caso das harmonias maiores por tons descendentes

Autores

  • Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas Universidade do Estado de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.33871/23179937.2017.5.3.2166

Resumo

Trata-se aqui de harmonias que, em modo maior, geram sucessões por tons descendentes, tal como ocorre quando tocamos: Dó maior, Sib maior e Láb maior. Como interpretar a funcionalidade dessa harmonia? Qual a incidência, a vigência e os limites dessas sucessões? Quais conotações e temáticas se associam a esse deslizar de acordes? Procurando articular questões assim, comentam-se casos da música popular produzida no Brasil (bossa nova, MPB e choro), do internacional repertório estadunidense (Tin Pan Alley e Jazz), e da música europeia do século XIX (Schubert, Chopin, Liszt, Berlioz, Bizet e Fauré). Tais casos são prontamente percebidos como oriundos de épocas e lugares desiguais e, mesmo assim, permitem algum paralelo, posto que empregam tais sucessões de maneira consideravelmente semelhante. Observa-se por fim que a atenção aos recursos harmônicos pode contribuir nas reflexões acerca de trânsitos e resistências sócio culturais e assim, estimular o debate acerca da noção de famí­lias de canções.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas, Universidade do Estado de Santa Catarina

Sérgio Paulo Ribeiro de Freitas é professor nos cursos de graduação e pós-graduação em Música da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Possui mestrado (UNESP) e doutorado (UNICAMP) no campo da teoria e análise da música popular e é membro dos grupos de pesquisa "Processos Músico - Instrumentais" (UDESC) e "Música Popular: história, produção e linguagem" (UNICAMP). Sua atuação docente, pesquisas e publicações se dão nas áreas da teoria e análise musical. Atualmente desenvolve o projeto de pesquisa "Para tudo na vida tem um acorde? Da persistência das ideias românticas na apreciação valorativa da música popular". E-mail: sergio.freitas@udesc.br

Referências

ALDWELL, Edward e SCHACHTER, Carl. Harmony and voice leading. New York: Harcourt Brace Jovanovich College Publishers, 1989.

ATTALI, Jacques. Ruidos. Ensayo sobre la economí­a polí­tica de la música. México: Siglo XXI Ed., 1995.

BAKER, David. David Baker's how to play Bebop: for all instruments 3. Ed. Van Nuys, CA: Alfred, 2006.

BARTEL, Dietrich. Musica Poetica: musical-rhetorical figures in german baroque music. University of Nebraska Press, 1997.

BASS, Richard. From Gretchen to Tristan: the changing role of harmonic sequences in the nineteenth century. 19th-Century Music, v.19, n.3, p. 263-285, 1996.

BUCHLER, Michael. "Laura" and the essential ninth: were they only a dream? Em Pauta, Porto Alegre, v.17, n.29, p. 5-25, 2006.

CAPLIN, William E. "Topics and formal functions: the case of the lament". In: The Oxford Handbook of Musical Topics. Ed. Danuta Mirka, 415–452. New York: Oxford University Press, 2014.

CARTER, Paul Scott. Retrogressive harmonic motion as structural and stylistic characteristic of pop-rock music. Tese (PhD in Music Theory). University of Cincinnati, 2005.

CHEDIAK, Almir. Harmonia e improvisação. Rio de janeiro: Lumiar, 1986.

COKER, Jerry, KNAPP, Bob, e VINCENT, Larry. Hearin' the changes: dealing with unknown tunes by ear. Rottenburg: Advance Music, 1997.

CÔRTES, Almir. O estilo interpretativo de Jacob do Bandolim. (Dissertação de Mestrado). Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, 2006.

DAHLHAUS, Carl. Studies in the origin of harmonic tonality. Oxford: Princeton University Press, 1990.

DOLL, Christopher. Transformation in rock harmony: an explanatory strategy. Gamut, n. 2, v. 1, p. 1-44, 2009.

DUDEQUE, Norton E. Music theory and analysis in the writings of Arnold Schoenberg. Aldershot: Ashgate, 2005.

EVERETT, Walter. Los Beatles como músicos: De Revolver a la AntologiÌa. Buenos Aires: Eterna Cadencia, 2013.

FORNER, Johannes e WILBRANDT, Jürgen Contrapunto creativo. Barcelona: Labor, 1993.

FORTE, Allen. Listening to classic american popular songs. New Haven: Yale University Press, 2001.

FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de, e LIBRELOTTO, Edilamar Ilha. O conceito de tonalidade segundo François-Joseph Fétis: tradução comentada de um artigo de divulgação de Robert Wangermée. DAPesquisa, v. 11, p. 254-275, 2016.

FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Acordes e desacordos: ideário schoenberguiano, harmonias wagnerianas e valoração em música popular. Música Popular em Revista, Campinas, v. 2, p. 01-35, 2013a.

FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Acordes fáceis de ouvir e difí­ceis de explicar: a tétrade fá#-lá-dó-mi é figura de subdominante em dó-maior? In: I Encontro Brasileiro de Música Popular na Universidade - I MusPopUni, 2015. Anais... Porto Alegre: Marcavisual, 2015: 66-78.

FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Dominante menor e música popular no Brasil: vale ferir a norma tonal? TRANS-Revista Transcultural de Música, Barcelona, v. 17, p. 1-47, 2013b.

FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Memórias e histórias do acorde napolitano e de suas funções em certas canções da música popular no Brasil. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n.59, p. 15-56. 2014

FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Que acorde ponho aqui? Harmonia, práticas teóricas e o estudo de planos tonais em música popular. Tese (Doutorado em Música). Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

GAULDIN, Robert. La practica armónica en la musica tonal. Madrd: Akal, 2009.

GREENBERG, Martin Harry. UFOs: The Greatest Stories. New York: MJF Books, 1996.

GUEST, Ian. Harmonia, método prático. v. 2. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006.

HANSEN, João Adolfo. Instituição retórica, técnica retórica, discurso. Matraga, Rio de Janeiro, v. 20, n. 33, jul/dez. 2013, p. 11-46.

HERRERA, Enric. Teoria musical y armonia moderna, volume I. Barcelona: Antoni Bosch, 1995a.

JAFFE, Andrew. Jazz harmony. Advance Music, 1996.

KERMAN, Joseph. How we got into analysis, and how to get out. Critical Inquiry, v. 7, n. 2., 1980, p. 311-331.

KIEFER, Bruno. O romantismo na música. In: GUINSBURG, J. (Org.) O Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 2005. p. 209-237.

KOPP, David. Chromatic transformations in nineteenth-century music. Cambridge University Press, 2002.

La MOTTE, Diether de. Armoní­a. Barcelona: Editorial Labor, 1993.

LaRUE, Jan. Analisis del estilo musical. Barcelona: Labor, 1989.

LENDVAI, Ernö. Béla Bartók. Un análisis de su música. Barcelona: Idea Books, S.A., 2003.

LÓPEZ CANO, Rubén. Música y retórica en el Barroco. México: Universidad Nacional Autónoma de México, UNAM. 2000.

MAGALDI, Cristina. Cosmopolitismo e world music no Rio de Janeiro na passagem para o século XX. Música Popular em Revista, v. 2, p. 42-85, 2013.

McCLIMON. Michael. A transformational approach to jazz harmony. PhD, Jacobs School of Music. Indiana University. 2016.

MELLO, Zuza Homem de. A era dos festivais. São Paulo: Ed. 34, 2003.

MENESCAL, Roberto. Entrevista concedida a Henrique Inglez de Souza. Guitar Player, n.145, São Paulo: Melody Ed. 2008.

MENEZES BASTOS, Rafael José de. "MPB", o Quê? Breve história antropológica de um nome, que virou sigla, que virou nome. Antropologia em Primeira Mão. v. 116. 2009.

MENEZES BASTOS, Rafael José de. Les Batutas, 1922: uma antropologia da noite parisiense. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 20, n. 58, p. 177-196, 2005.

MERHY, Silvio Augusto. Bossa nova: a permanência do samba entre a preservação e a ruptura. Tese (Doutorado em História Social). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2001.

MEYER, Leonard B. El estilo en la música. Teoria musical, história e ideologia. Madrid: Ed. Pirámide, 2000.

MIDDLETON, Richard. 'Play it again Sam': some notes on the productivity of repetition in popular music. Popular Music, v. 3, p. 235-270, 1983.

MIDDLETON, Richard. Studying popular music. Milton Keynes: Open University Press, 1990.

MOORE, Allan. Patterns of harmony. Popular Music, v. 11, n. 1, p. 73-106, 1992.

MOORE, Allan. The so-called 'flattened seventh' in rock. Popular Music, v. 14, n. 2, p. 185-201, may, 1995.

NAPOLITANO, Marcos. Do sarau ao comí­cio: inovação musical no Brasil (1959-1963). Revista USP, São Paulo, n. 41, p. 168-187, março/maio 1999.

NETTLES, Barrie e GRAF, Richard. The chord scale theory & jazz harmony. Advance Music, 1997.

NETTLES, Barrie. Harmony 2. Boston: Berklee College of Music, 1987.

OTTMAN, Robert. Advanced harmony: theory and practice. Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2000.

PEASE, Frederick. Jazz composition: theory and practice. Boston, MA: Berklee Press, 2003.

PISTON, Walter. Armonia. Barcelona: Labor, 1993.

POLLACO. Harmonia. São Paulo: Ed. HMP, 2007.

RATNER, Leonard G. Romantic music: sound and syntax. New York: Schirmer Books, 1992.

ROSAND, Ellen. 1979. The Descending Tetrachord: An Emblem of Lament. The Musical Quarterly, v. 65/3. 1979: 346–59.

ROSEN, Charles. A geração romântica. São Paulo: Edusp, 2000.

SALZER, Felix. Audición estructural: coherencia tonal en la música. Barcelona: Editorial Labor, 1990.

SASLAW, Janna K. Gottfried Weber and the concept of Mehrdeutigkeit. Tese (PhD in Philosophy) Columbia University, 1992.

SCARINCI, Silvana Ruffier. Safo Novella: uma poética do abandono nos lamentos de Barbara Strozzi, Veneza, 1619-1677. São Paulo: Edusp e Algol Ed., 2008.

SCHOENBERG, Arnold. Funções estruturais da harmonia. São Paulo: Via Lettera, 2004.

SCHOENBERG, Arnold. Harmonia. São Paulo: Ed. da Unesp, 2001.

SHUKER, Roy. Vocabulário de música pop. São Paulo: Hedra, 1999.

TAGG, Philip e CLARIDA, Bob. Ten little title tunes: towards a musicology of the mass media. New York; Montreal: The Mass Media Music Scholars"™ Press, 2003.

TAGG, Philip. Everyday tonality: towards a tonal theory of what most people hear. New York & Montréal: The Mass Media Scholars"™ Press, Inc., 2009.

TATIT, Luiz. O cancionista: composição de canções no Brasil. São Paulo: EDUSP, 2002.

TEREFENKO, Dariusz. Jazz Transformations of the ii7-V7-I Progression. Current Research in Jazz 1, 2009

TESAURO, Emanuele. Argúcias Humanas (Excerto de Il Cannocchiale aristotelico,1670). Tradução de Gabriella Cipollini e João Adolfo Hansen. Revista do IFAC. Ouro Preto: IFAC/UFOP, n. 4, p.3-10, dez. 1997.

ULANOWSKY, Alex. Harmony 4. Boston: Berklee College of Music, 1988.

WANGERMEE, Robert. Le concept de tonalite selon Fetis. Revue belge de Musicologie, v. 52, 1998, p. 35-45.

WILDER, Alec. American popular song: the great innovators, 1900-1950. Oxford: Oxford University Press, 1990.

Downloads

Publicado

29.12.2017

Como Citar

de Freitas, S. P. R. (2017). Deslizando na Canção? O caso das harmonias maiores por tons descendentes. Revista Vórtex, 5(3), 1–33. https://doi.org/10.33871/23179937.2017.5.3.2166

Edição

Seção

Artigos