O ruído como timbre da materialidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/vortex.2025.13.10840

Palavras-chave:

Tecnologia, Percepção, Afinação, Arte Sonora, Paisagem Sonora

Resumo

Este estudo mostra a indissociabilidade entre o ruído e as condições materiais de sua produção. Primeiramente, sugere-se que a percepção do ruído é coetânea à aquisição das capacidades da linguagem e da música. A seguir, discute-se o impacto do cenário industrial moderno na paisagem sonora e sua influência na percepção dos ruídos. Após isso, indica-se que questões de temperamento e afinação musical, que surgem para evitar sons indesejados – ruídos -, são indissociáveis da materialidade subjacente ao contexto acústico. Assim que condições materiais e perceptuais permitiram a integração do ruído na música ou a sua utilização em artes sonoras não-musicais, o ruído passa a adquirir uma significação distinta daquela subdeterminada pela linguagem e pela música. Evidencia-se assim a diversidade de modos em que o ruído foi considerado, razão pela qual torna-se imperioso examiná-lo à luz de condições materiais e perceptivas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Roberto Wu, Universidade Federal de Santa Catarina

Roberto Wu é Professor Associado no Curso de Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina desde 2009. Possui graduação e mestrado em Filosofia pela UFPR (2000 e 2002), doutorado em Filosofia pela Puc-Rio (2006) e pós-doutorado no Boston College (2014) e na UFMG (2021-22). Foi coordenador do PPGFIL/UFSC (2016-19), presidente da Sociedade Brasileira de Retórica (SBR) (2021-23) e coordenador do GT Filosofia Hermenêutica da ANPOF (2025-26). A sua pesquisa envolve os seguintes tópicos: hermenêutica, ontologia, fenomenologia, retórica, filosofia da arte e filosofia da tecnologia. Website: https://robertowu.ufsc.br

Referências

BALLARD, Susan. Information, Noise, et al. In: NUNES, Mark (Org.). Error: Glitch, Noise, and Jam in New Media Cultures. Londres: Continuum, 2011, p. 59-79.

BENJAMIN, Walter. Gesammelte Schriften V.I. Ed. Rolf Tiedemann & Hermann Schweppenhäuser. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1991.

BERG, Richard E.; STORK, David G. The Physics of Sound. São Francisco: Pearson, 2005.

CASTANHEIRA, José Cláudio Siqueira. The Matter of Numbers: Sound Technologies and the Experience of Noise According to Analog and Digital Models. In: GODDARD, M.; HALLIGAN, Benjamin & HEGARTY, Paul. Reverberations: The Philosophy, Aesthetics and Politics of Noise. New York: Continuum, 2012, p. 84-97.

CAMPESATO, Lílian. Dialética do Ruído [Noise Dialectics] In: RAY, Sonia. XX Congresso da ANPPOM: A Pesquisa em Música no século 21: trajetórias e perspectivas. Florianópolis: Anais do XX Congresso da ANPPOM, 2010, p. 1389-1393. Disponível em: https://anppom.org.br/anais/anaiscongresso_anppom_2010/ANAIS_do_CONGRESSO_ANPPON_2010.pdf Acesso em 01/06/2025.

CAMPESATO, Lílian. Centros e contornos: mudança e instabilidade na música atual. In: XXV Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música. Vitória: Anais do XXV Congresso da ANPPOM, 2015. Disponível em: https://anppom.org.br/congressos/anais/v25/. Acesso em 01/06/2025.

CAMPESATO, Lílian. Out of the Mainstream: Noise and Otherness in the Work of Marie Carangi, Paula Garcia, and Sofia Caesar. In: CHAVES, Rui & IAZZETTA, Fernando. Making it Heard: a history of Brazilian Sound Art. New York: Bloomsbury, 2019, p. 189-210.

COX, Christoph. Sonic Flux: Sound, Art, and Metaphysics. Chicago: University of Chicago Press, 2018.

DESHAYS, Daniel. Sound and gesture. In: ARAMAKI, Mitsuko et al (Org.). Sound, Music, and Motion. Cham: Springer, 2014, p. 483-493.

GERLOFF, Felix; SCHWESINGER, Sebastian. What Does it Mean to Think Sonically? Contours of Noise as a Sonic Figure of Thought. In: DIJK; Nathanja van. et al (Org.). Navigating Noise. Berlin: Walther König, 2017, p. 168-190.

GODDARD, M.; HALLIGAN, Benjamin & HEGARTY, Paul. Introduction. In: Reverberations: The Philosophy, Aesthetics and Politics of Noise. New York: Continuum, 2012, p. 1-11.

GOLDSMITH, Mike. Discord: The History of Noise. Oxford: Oxford University Press, 2012.

HAINGES, Greg. Noise Matters: Towards an Ontology of Noise. Nova York: Bloomsbury, 2013.

HEGARTY, Paul. The Empty Signal. Noisy Channels and Noise Music. In: DIJK; Nathanja van. et al (Org.). Navigating Noise. Berlin: Walther König, 2017, p. 244-266.

IAZZETTA, Fernando. A música, o corpo e as máquinas. OPUS, Rio de Janeiro, v. 4, n. 4, ago. 1997, p. 27-44.

IHDE, Don. Technics and Praxis. Boston: D. Reidel Publishing, 1979.

KANE, Brian. Sound Studies without Auditory Culture: A Critique of the Ontological Turn. Sound Studies, v. 1, n. 1, 2015, p. 2-21.

KITTLER, Friedrich. Gramophone, Film, Typewriter. Trad. Geoffrey Winthrop-Young e Michael Wutz. Stanford: Stanford University Press, 1999.

KIRKEGAARD, Jacob. 4 Rooms. Londres: Touch, 2006. 1 CD.

KIRKEGAARD, Jacob. Jacob Kirkegaard. In: MCFADDEN, Sarah (Org.). Soundings: A Contemporary Score. Nova York: MUMA, 2013.

LEROI-GOURHAN, André. Le geste et la parole: technique et langage. Paris: Albin Michel, 1964.

LISTA, Giovanni. Le futurism: textes et manifestes. Ceyzérieu: Champs Vallons, 2015.

MCLUHAN, Marshall. Understanding Media: The Extensions of Man. Cambridge: MIT Press, 1994.

MENEZES, Flo. A Inversão das Distâncias – do Som do Corpo ao Corpo do Som. Revista Música Hodie, Goiânia, v.14, n.1, p. 39-48, 2014.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Phénoménologie de la perception. Paris: Gallimard, 2001.

PERLOFF, Marjorie. The Futurist Moment: Avant-Garde, Avant Guerre, and the Language of Rupture. Chicago: University of Chicago Press, 1986.

RUSSOLO, Luigi. L’arte dei rumori. Milão: Edizioni futuriste di “Poesia”, 1916.

SCHAFER, R. Murray. Soundscape: Our Sonic Environment and the Tuning of the World. Nova York: Knopf, 1977.

SCHANNON, Claude E. The Mathematical Theory of Communication. In: SCHANNON, C. E. & WEAVER, W. The Mathematical Theory of Communication. Urbana: Indiana University Press, 1964, p. 29-125.

SERRES, Michel. Genesis. Trad. Geneviève James e James Nielson. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1995.

SIMONDON, Gilbert. Sur la technique (1953-1983). Paris: Presses Universitaires de France, 2014.

SMALL, Christopher. Musicking: The Meanings of Performing and Listening. Middletown: Wesleyan University Press, 1998.

STERNE, Jonathan. MP3: The Meaning of a Format. Durham: Duke University Press, 2012.

STIEGLER, Bernard. La technique et le temps [les trois tomes] suivi de Le nouveau conflit des facultés et des fonctions dans l'Anthropocène. Paris: Fayard, 2018.

THE ORCHESTRA OF FUTURIST NOISE INTONERS. Direção de Luciano Chessa. Vários artistas. Bruxelas: Sub Rosa, 2013. 2 x Vinil.

TOMLINSON, Gary. A Million Years of Music: The Emergence of Human Modernity. Nova York: Zone Books, 2015.

WEAVER, Warren. Recent Contributions to the Mathematical Theory of Communication. In: SCHANNON, C. E. & WEAVER, W. The Mathematical Theory of Communication. Urbana: Indiana University Press, 1964, p. 1-28.

WIENER, Norbert. Cybernetics: Or Control and Communication in the Animal and the Machine. Cambridge: MIT Press, 2019.

WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história da música. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

Downloads

Publicado

29.08.2025

Como Citar

Wu, R. (2025). O ruído como timbre da materialidade. Revista Vórtex, 13, 1–24. https://doi.org/10.33871/vortex.2025.13.10840

Edição

Seção

Artigos