Número Temático “Longo Modernismo Brasileiro”

19.05.2022

Chamada completa: [PDF]

Este número especial temático da Revista Vórtex é dedicado à compreensão dos processos e contextos de produção e circulação que marcam a noção de um Longo Modernismo Brasileiro no campo da música (NAPOLITANO, 2014). Fenômeno impulsionado pelos eventos – controversos – apresentados durante a Semana de Arte Moderna de 1922 (WISNIK, 1983), o projeto musical modernista, em suas diferentes vertentes e perspectivas, acabou por reverberar suas premissas em parte considerável do século XX, pautando debates, trajetórias e produções de artistas, intelectuais e muitos outros agentes e instituições (CONTIER, 1994; TRAVASSOS, 2000; MCCANN, 2004; WISNIK, 2004; NAPOLITANO, 2014; EGG, 2018). Neste sentido, as ideias modernistas exerceram contínua pressão no campo musical brasileiro, sendo encampadas, reelaboradas ou criticadas, extrapolando o momento inicial de 1922 e manifestando-se ao longo das décadas seguintes. Assim, a constante busca pela constituição de uma cultura musical de perfil moderno, nacional e inspirada nas manifestações populares marcou diferentes momentos das músicas de concerto (CONTIER, 1978; BRANDA LACERDA, 2014); e popular urbana (GARCIA, 1999; CAVALCANTE et all, 2004; NAPOLITANO, 2007; STROUD, 2008; FAVARETTO, 2016; LIMA REZENDE, 2018) produzidas no Brasil ao longo do século XX, ainda que pelo esforço de crítica e superação de tais perspectivas (KATER, 2001; SALLES, 2005). As potencialidades e limites, sucessos e fracassos do Longo Modernismo Brasileiro são tema desta edição, que toma a efeméride de 1922 como possibilidade e oportunidade de lançar esta provocação como um convite para um balanço crítico, aberto à comunidade de colaboradores da Revista Vórtex.

 

Referências

CONTIER, Arnaldo. Música e Ideologia no Brasil São Paulo: Novas Metas, 1978.

CONTIER, Arnaldo. Mário de Andrade e a Música Brasileira. Revista Música, Vol. 5, No. 1, p. 1-33, 1994

CAVALCANTE, Berenice; STARLING, Heloisa; EISENBERG, José (Orgs.). Decantando a República: Inventário Histórico e Político da Canção Popular Moderna Brasileira. 3 Volumes. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Nova Fronteira, 2004.

EGG, Andre Acastro. A formação de um compositor sinfônico: Camargo Guarnieri entre o modernismo, o americanismo e a boa vizinhança. 1ª. ed. São Paulo: Alameda, 2018.

FAVARETTO, Celso Fernando. O tropicalismo e a crítica da canção. Revista USP, São Paulo, V. 111, p. 117- 124, 2016

GARCIA, Walter. Bim Bom - A contradição sem conflitos de João Gilberto. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

LACERDA, Marcos Branda. Villa-Lobos, os Choros e o Pestana às avessas. Opus, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 77-98, dez. 2014.

LIMA REZENDE, Gabriel Sampaio Souza. O truque do mestre: a crise da modernização em Chega de Saudade. Revista IEB, v. 1, p. 121-148, 2018.

MCCANN, Bryan. Hello, Hello, Brazil: Popular Music in the Making of Modern Brazil. Durham: Duke University Press, 2004.

NAPOLITANO, Marcos. Arte e Política no Brasil: História e Historiografia. In: EGG, André; FREITAS, Artur; KAMINSKI, Rosane. (Orgs). Arte e Política no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 2014.

NAPOLITANO, Marcos. A síncope das ideias: a questão da tradição na música popular brasileira. São Paulo: Perseu Abramo, 2007

KATER, Carlos. Música Viva e H. J. Koellreutter: movimentos em direção à modernidade São Paulo: Musa Editora; Atravez, 2001.

SALLES, Paulo de Tarso. Aberturas e impasses: o pós-modernismo na música e seus reflexos no Brasil - 1970- 1980. 1. ed. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

STROUD, Sean. The Defence of Tradition in Brazilian Popular Music – Politics, Culture and the Creation of Música Popular Brasileira. Hampshire: Ashgate, 2008.

TRAVASSOS, Elisabeth. Modernismo e Música Brasileira Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

WISNIK, José Miguel. "Getúlio da Paixão Cearense: Villa-Lobos e o Estado Novo". In: Música: o nacional e popular na cultura brasileira Reimp. 2º ed. São Paulo: Brasiliense, 2004.

WISNIK, José Miguel. O coro dos contrários: a música em torno da Semana de 1922. São Paulo: Editora Duas Cidades, 1983.