Das imagens que faltam à fabulação das memórias animadas em dois filmes ensaios

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2024.30.1.8893

Palavras-chave:

filme-ensaio; fabulação, animação; documentário animado;

Resumo

Este texto analisa o uso da imagem animada em dois filmes: "A Imagem que Falta", dirigido pelo diretor cambojano Rithy Panh, e "Valsa com Bashir", do diretor israelense Ari Folman. Ambas as obras destacam-se não apenas pelo modo como articulam suas narrativas, mas também pela abordagem dos traumas vividos pelos realizadores como testemunhos dos horrores da guerra. Questões relacionadas aos aspectos documentais e às fronteiras entre ficção parecem não dar conta para interpretar esses filmes. A ideia, então, é examinar essas obras à luz do filme-ensaio e compreender como a animação emerge como um dispositivo potente para lidar com uma ausência, uma lacuna, que o material de arquivo e o registro fotográfico por si só não conseguem abarcar. A animação, carregada por traços da imaginação e, sobretudo, por seus potentes regimes de fabulação, surge como um atravessador das memórias, explorando a expressão cinematográfica além das questões do realismo visual. Sendo assim, busca-se o inalcançável do arquivo e da imagem fotográfica, como ultrapassamento do interdito e a obscenidade da morte diante do horror da guerra.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Régis Rasia, UFMS

Doutor em Multimeios pela UNICAMP e Mestre pela mesma instituição. Dedica-se ao ensino de graduação no bacharelado em Audiovisual da UFMS, ministrando as disciplinas de animação, edição, montagem e pós-produção audiovisual. Concentra projetos de pesquisas sobre o cinema brasileiro, cinema experimental e filme-ensaio. 

Referências

BARBOSA JÚNIOR, Alberto Lucena. Arte da Animação: Técnica e Estética Através da História. 2. Ed. São Paulo, SP: Ed. Senac, 2005. 456 p.

BAZIN, André. O que é o cinema? Volume I: Ontologia da imagem fotográfica. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

CORRIGAN, T. O filme-ensaio: Desde Montaigne e depois de Marker. Tradução de Luís Carlos Borges. Campinas: Papirus, 2015. 223 p.

DELEUZE, Gilles. A imagem-tempo. Tradução de Eloisa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2005. 338 p.

FOLMAN, Ari. Entrevista concedida a DP/30: Waltz With Bashir. [Vídeo online]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eX9HdTr0OEY. Acesso em: 2 mar. 2024.

________. Piece of Cake- the making of "Waltz with Bashir". [Vídeo]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=I7BGrmQNG-o. Acesso em: 2 mar. 2024.

GORDEEFF, Eliane. "Valsa com Bashir". Educação Pública. Publicado em 05/05/09. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/9/15/valsa-com-bashir. Acesso em: 12 fev. 2024.

LEANDRO, Anita. "Um Arquivista no Camboja." In: MAIA, Carla; FLORES, Luís Felipe (Orgs.). O cinema de Rithy Panh. São Paulo; Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil; Ministério da Cultura, 2013. p. 185-198.

MARTINS, India Mara. (2009). Documentário Animado: Experimentação, Tecnologia e Design. Tese (Doutorado em Design) - Programa de Pós-Graduação em Design, Departamento de Artes e Design, Centro de Teologia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, São Paulo: Papirus, 2005.

PANH, Rithy. "A Palavra Filmada." In: MAIA, Carla; FLORES, Luís Felipe (Orgs.). O cinema de Rithy Panh. São Paulo; Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil; Ministério da Cultura, 2013. p. 75-110.

__________. "Meu Projeto Excede o de um Cineasta: Entrevista com Rithy Panh." Entrevista concedida a Nicolas Bauche e Dominique Martinez. In: MAIA, Carla; FLORES, Luís Felipe (Orgs.). O cinema de Rithy Panh. São Paulo; Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil; Ministério da Cultura, 2013. p. 235-248.

__________. "Sou um Agrimensor de Memórias." In: MAIA, Carla; FLORES, Luís Felipe (Orgs.). O cinema de Rithy Panh. São Paulo; Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil; Ministério da Cultura, 2013. p. 63-74.

RICHTER, H. "El ensayo fílmico. Una nueva forma de la película documental". In: WEINRICHTER, La forma que piensa. Tentativas en torno al cine-ensayo. Tradução de Susana Antón e Marta Muñoz. Navarra: Festival internacional de Cine Documental de Navarra, 2007. p. 186-191.

SERRA, Jennifer Jane. O documentário animado e a leitura não-ficcional da animação. Dissertação (Mestrado em Multimeios) – Instituto de Artes, Universidade de Campinas. 2011, Campinas. 196p.

SOBCHACK, Vivian. Inscrevendo o espaço ético: dez proposições sobre morte, representação e documentário. In. RAMOS, Femão Pessoa. Teoria contemporânea do cinema - volume II. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. pp.127-157.

SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. Tradução de Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

TEIXEIRA, Francisco Elinaldo. Arqueologia do ensaio no cinema-audiovisual brasileiro (formações e transformações). São Paulo: Hucitec, 2022. 255p.

WEINRICHTER, Antonio. Um conceito fugidio: Notas sobre o filme-ensaio. In: TEIXEIRA, Francisco Elinaldo (org.). O ensaio no cinema: Formação de um quarto domínio das imagens na cultura audiovisual contemporânea. São Paulo: Hucitec, 2015. p. 42-91.

Downloads

Publicado

2024-07-01

Como Citar

RASIA, Regis Orlando. Das imagens que faltam à fabulação das memórias animadas em dois filmes ensaios. Revista Científica/FAP, Curitiba, v. 30, n. 1, p. 280–304, 2024. DOI: 10.33871/19805071.2024.30.1.8893. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/revistacientifica/article/view/8893. Acesso em: 3 dez. 2024.