Impactos conceituais do Movimento decolonial nas artes contemporâneas de Belo Horizonte – MG
DOI:
https://doi.org/10.33871/19805071.2024.30.1.8064Palavras-chave:
decolonial, Arte, Arte contemporânea, subalternidade, micropolítica Belo HorizonteResumo
O presente artigo objetiva discutir possíveis impactos do giro decolonial nas artes contemporâneas no Brasil e como esse tema vem sendo abordado no Sistema das artes da capital mineira. O giro decolonial, de forma resumida, pode ser definido como um movimento teórico-epistemológico que tem por mote central discutir a continuidade dos processos coloniais nas mentalidades das culturas outrora colonizadas. Sendo assim, o giro decolonial problematiza a continuidade do pensamento eurocêntrico no cotidiano das relações das nações subalternizadas por meio de vários mecanismos de dominação durante os processos colonizatórios. A pesquisa que deu origem a este artigo teve por intuito estabelecer uma investigação sobre a produção de arte contemporânea no Brasil e na capital mineira com vistas a indagar a seguinte hipótese: denúncias de comportamentos estruturantes da nossa sociedade, tais como o eurocentrismo, o machismo, o racismo, o sexismo e o elitismo são temas onipresentes nas produções artísticas, nas galerias, residências e premiações no mundo artístico atual? Essa interrogação pode ser respondida de forma afirmativa. Para respondermos tal questão, além de fazer uma revisão bibliográfica minuciosa sobre esse tema, pesquisando catálogos de exposições dos últimos anos, galerias, editais de residências como o Bolsa Pampulha, bem como os próprios artistas e seus discursos acerca de seus trabalhos. Nesse sentido, verificamos a presença de conceitos e ideias de pensadores que se identificam com esse movimento, tais como lugar de fala, vulnerabilidade, espaços de poder, privilégio, micropolíticas, nos textos expográficos, nos discursos dos e das artistas, mas também em seus trabalhos plásticos. Em suma, com base no autor José Jorge de Carvalho (2018), referência importante acerca da decolonialidade, interpreto esse movimento de crítica dos e das artistas acerca dos espaços de arte, e a consequente abertura desses locais a trabalhos que abordam os processos de descolonização das artes, como parte de uma “segunda onda de ações afirmativas” que vem transformando nossa sociedade.
Downloads
Referências
BALLESTEROS, Elsa Flores. Lo nacional, lo local, lo regional en el Arte Latinoamericano: de la modernidad a la globalización y la antiglobalización. Huellas, Busqueda em Artes y Diseño. Número 3. P. 31-44. Mendoza, Argentina. 2003. Disponível em: https://bdigital.uncu.edu.ar/objetos_digitales/167/floresballHuellas3.pdf . Acesso em: 10/06/2022.
BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Em: Revista Brasileira de Ciência Política, nº11. Brasília, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbcpol/a/DxkN3kQ3XdYYPbwwXH55jhv/abstract/?lang=pt . Acesso em: 05/03/2022.
BEY, Hakym. Zona autônoma temporária. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011.
CANTON, Katia. Micropolíticas e arte contemporânea. In: Da Política às micropolíticas. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2009.
Deleuze, Gilles, & Guattari, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia (Vol. 3). Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.
CARVALHO, José Jorge. Cotas étnico-raciais e cotas epistêmicas: bases para uma antropologia antirracista e descolonizadora. Revista Mana28(3): 1-36, 2022.Disponível em: http://doi.org/10.1590/1678-49442022v28n3a0402. Acesso em: 22/11/2024.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago y MENDIETA, Eduardo. GLES – Grupo Latino-americano de Estudos Subalternos. Manifesto inaugural. In:Teorías sin disciplina (latinoamericanismo, poscolonialidad y globalización en debate). p. 3-25. México: Miguel Ángel Porrúa, 1998.
DUSSEL, Enrique. 1492. El encubrimiento del outro. Hacia El origen Del mito de La modernidad. La Paz: Plural Editores, 1994.
ESCOBAR, Arturo. “Mundos y conocimientos de otro modo. El programa de investigación de modernidad/colonialidad latinoamericano”. Tabula Rasa, N. 1, p. 51-86, enero-diciembre, 2003. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/396/39600104.pdf . Acesso em: 06/09/2022.
FOSTER, Hal. O retorno do real. São Paulo: Editora Ubu, 2018.
GUATARI, Félix. Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. Tradução de Suely Rolnik. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
HALL, Stuart. Nascimento e morte do sujeito moderno. In: A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A editora, 1998.
HILL, Marcos. Mulatas e negras pintadas por brancas: questões de etnia e gênero presentes na pintura modernista brasileira. Belo Horizonte: C/Arte, 2017.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. São Paulo: Editora Cobogó, 2019.
LAGROU, Els. Arte ou artefato? Agência e significado nas artes indígenas. Arte Indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte: C/Arte, 2009.
MALLON, Florencia E. Promesa y dilema de los Estudios subalternos. Perspectivas a partir de la historia latino-americana. En: Pablo Sandoval (Compilador) Repensando la subalternidad. Miradas críticas desde/sobre América Latina. Instituto de Estudios Peruanos, Lima, Peru, 2010.
MIGNOLO, Walter. La opción descolonial. Letral – Revista Eletronica de Estudios Transatlaticos de Literatura. Universidad de Granada. Espanha. Número 1, 2008, p. 4-22. Disponível em:http://revistaseug.ugr.es/index.php/letral/article/view/3555 . Acesso em 05/10/2022.
PAIVA, Alessandra Gomes. A “virada decolonial” na arte contemporânea brasileira:até onde mudamos? REVISTA VIS.VOL. 21 – nº 1 (2022) – JAN - JULHO. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/revistavis . Acesso em 05/05/2024.
QUIJANO, Aníbal. Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Buenos Aires: CLACSO, 2014.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala. São Paulo: Editora Letramento, 2017.
SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
TLOSTANOVA, Madina. La Aesthesis Trans-Moderna en La Zona Fronteriza Eurasiática y el Anti-Sublime Decolonial. Calle 14. Revista de Investigación en el campo del Arte. Volume 5. 2011. Disponível em: https://revistas.udistrital.edu.co/index.php/c14/issue/archive . Acesso em: 10/10/2023.
WALSH, Catherine. Pensamiento crítico y matriz (de)colonial: reflexiones latinoamericanas , OTROS, Quito, Universidad Andina Simón Bolívar / Abya-Yala, 2005.
Outras referências consultadas:
https://www.premiopipa.com/josi/ Acesso em: 05/11/2023.
https://www.premiopipa.com/pag/artistas/desali/ Acesso em: 05/11/2023.
https://www.premiopipa.com/priscila-rezende/. Acesso em 05/11/2023.
https://www.premiopipa.com/luanavitra/#:~:text=Representada%20pela%20Perisc%C3%B3pio%20Arte%20Contempor%C3%A2nea,o%20ferro%20e%20a%20fuligem. Acesso em 05/11/2023.
https://fcs.mg.gov.br/recostura-chris-tigra/ Acesso em 10/11/2023
https://dasartes.com.br/de-arte-a-z/entenda-a-polemica-sobre-a-retirada-da-obra-de-maxwell-alexandre-de-inhotim/Acesso em 05/02/2024.
https://www.desali.com.br/ . Acesso em 10/03/2024.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores detém os direitos autorais, ao licenciar sua produção na RevistaCientífica/FAP, que está licenciada sob uma licença Creative Commons. Ao enviar o artigo, e mediante o aceite, o autor cede seus direitos autorais para a publicação na referida revista.
Os leitores podem transferir, imprimir e utilizar os artigos publicados na revista, desde que haja sempre menção explícita ao(s) autor (es) e à Revista Científica/FAP não sendo permitida qualquer alteração no trabalho original. Ao submeter um artigo à Revista Científica/FAP e após seu aceite para publicação os autores permitem, sem remuneração, passar os seguintes direitos à Revista: os direitos de primeira edição e a autorização para que a equipe editorial repasse, conforme seu julgamento, esse artigo e seus metadados aos serviços de indexação e referência.