A imagem-cristal e o colonialismo nos devaneios de Bardo, falsa crônica de algumas verdades
DOI:
https://doi.org/10.33871/19805071.2025.33.2.11018Palavras-chave:
Bardo, Cinema, Colonialismo, Imagem-cristalResumo
Contar histórias é a função de um bardo, figura europeia antiga. Por esse viés, é possível estudar a crítica e a autocrítica presentes em algumas produções cinematográficas. Ainda que estejam contando a história de um personagem, os criadores dessas obras abordam suas próprias histórias e reflexões. Bardo, falsa crônica de algumas verdades, por exemplo, é o filme de Alejandro González Iñárritu que trata sobre como as questões coloniais atravessam sua vida e a história mexicana. A trama, por meio do personagem Silverio Gama, entrelaça sua viagem dos Estados Unidos para o México, suas lembranças e fatos históricos que ocorreram no país, em função da colonização. O questionamento deste trabalho surge sobre a postura colonial contemporânea a partir da obra de um documentarista mexicano que será premiado por seus trabalhos. Os objetivos deste artigo são identificar como o filme apresenta as camadas de temporalidade entre passado e presente e discutir como as questões coloniais atravessam a vida e as memórias do protagonista. O texto tem como aporte teórico as seguintes noções: imagem-cristal (Deleuze, 2005), cultura mexicana (Taylor, 2013), tríade colonial-racial-capital (Silva, 2019), colonialidade de poder (Quijano, 2005), pós-colonialidade (Hall, 2003) e mise-en-scène (Bordwell; Thompson, 2018; Carreiro, 2021). A partir de uma pesquisa documental, constatou-se que o filme utiliza da metalinguagem ao tratar sobre um documentarista. Através de suas memórias e fatos históricos, observamos que há uma neocolonização, sobretudo por conta da dependência econômica de países do eixo Sul em relação ao Norte e da migração que ocorre para os Estados Unidos.
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Referências
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