A viola na sociedade oitocentista carioca e o baixo contí­nuo

Autores

  • Luciana Câmara Queiroz de Souza Universidade Federal de Pernambuco
  • Andréa Alencar Coelho da Silva Universidade Federal de Pernambuco

DOI:

https://doi.org/10.33871/23179937.2020.8.3.1.32

Palavras-chave:

Viola (instrumento de cordas dedilhadas), Baixo contí­nuo, Acompanhamento, Modinha

Resumo

O presente estudo tem por objetivo discutir aspectos da presença da viola, do ponto de vista sociocultural e da prática musical, no Rio de Janeiro do iní­cio do século XIX. Trata-se de estudo bibliográfico baseado em literatura sobre a vida musical na cidade no perí­odo de 1750 a 1850 e no estudo de fontes de época em torno da viola, principalmente em relação ao baixo contí­nuo e ao acompanhamento. Destacam-se na análise sociocultural o conflito entre aceitação e preconceito em relação ao instrumento e seus tocadores; e a presença do instrumento na instrução musical. A partir do exemplo da Arte de muzica (Anônimo, 1823) considera-se que o instrumento possivelmente era usado na instrução musical básica e que a versão simplificada da regra da oitava apresentada pelo autor poderia exemplificar uma junção das práticas oral e escrita da época.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luciana Câmara Queiroz de Souza, Universidade Federal de Pernambuco

Luciana Câmara Queiroz de Souza é bacharela e mestra em música pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestra em instrumentos históricos de teclas pela Escola Superior de Música de Freiburg, Alemanha. Doutora em musicologia pela Universidade de Glasgow, Reino Unido. Desde 2009 é professora de cravo e baixo contí­nuo do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco em Recife, Brasil. Tem especial interesse pela música do século XVII e pelas interfaces entre performance musical, história sócio-cultural e filosofia. Tem se apresentado como solista e camerista em várias cidades do Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5119-7531

Andréa Alencar Coelho da Silva, Universidade Federal de Pernambuco

Andrea Alencar Coelho da Silva é bacharela em música – violão – pelo Departamento de Música da UFPE. Foi bolsista PIBIC/CNPq 2018-2019 com o projeto "A viola no Brasil no iní­cio do século XIX: sua inserção social e a prática de baixo contí­nuo". Participou do III, IV e V Seminários de Violão José Carrión, realizados em Recife- PE entre 2014 e 2018; participou também do I Encontro Nordestino de Violonistas realizado em Recife-PE, do festival V Gramado in Concert – RS e do Festival de violão da UFRGS em 2019, onde fez masterclass com a violonista Berta Rojas. Atualmente é monitora de violão erudito pela Rede Municipal de Núcleos Musicais de Goiânia-GO. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0367-4003

Referências

AMORIM, Humberto. "A carne mais barata do mercado é a carne negra": comércio e fuga de escravos músicos nas primeiras décadas do Brasil oitocentista (1808-1830). Opus, v. 23, n. 2, p. 89, 2017a.

AMORIM, Humberto. O ensino de música nas primeiras décadas do Brasil oitocentista (1808-1822). Opus, v. 23, n. 3, p. 43, 2017b.

ANÔNIMO. Arte de muzica para uzo da mocidade brazileira por hum seu patricio. Rio de Janeiro: Tipographia de Silva Porto, 1823.

AZEVEDO, Moreira de. O Rio de Janeiro: sua historia, monumentos, homens notaveis, usos e curiosidades. Rio deJaneiro: B.L. Garnier, 1877. v. 1.

BALLESTÉ, Adriana Olinto. Viola? Violão? Guitarra? Proposta de organização conceitual de instrumentos musicais de cordas dedilhadas luso-brasileiros no século XIX. 2009. 316 f. Tese (Doutorado em música). Centro de Letras e Artes, UNIRIO, Rio de Janeiro, 2009.

BARROSO, Maria Aí­da Falcão Santos. Ornamentação e improvisação no método de pianoforte de José Maurí­cio Nunes Garcia. 2006. 175 f. Dissertação (Mestrado em música). Escola de Música, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

BINDER, Fernando Pereira; CASTAGNA, Paulo. Teoria Musical no Brasil: 1734-1854. 1998, Curitiba: Fundação cultural de Curitiba, 1998. p. 198–217.

BUDASZ, Rogério. Bartolomeo Bortolazzi (1772-1846): mandolinist, singer, and presumed carbonaro. Revista portuguesa de musicologia, v. 2, n. 1, p. 79–134, 2015.

BUDASZ, Rogério. Black guitar-players and early African-Iberian music in Portugal and Brazil. Early Music, v. 35, n. 1, p. 3–22, 2007.

BUDASZ, Rogério. The Five-Course guitar (viola) in Portugal and Brazil in the late seventeenth and early eighteenth centuries. 2001. 419 f. Tese (PhD). University of Southern California, 2001.

CASTRO, Renato Moreira Varoni de. Os caminhos da viola no Rio de Janeiro do século XIX. 2007. 113 f. Dissertação (Mestrado em música). Escola de Música, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.

CASTRO, Renato Moreira Varoni de. Towards a classificatory organology of the viola and the violão in nineteenth-century Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Música, v. 29, n. 1, p. 125–147, 2016.

CASTRO, Renato Moreira Varoni de. Tuning in to the past: the viola and its representations in 19th century Rio de Janeiro. 2014. 327 f. Tese (PhD). School of History and Anthropology, Queen"™s University, Belfast, 2014.

CHRISTENSEN, Thomas. The Règle de l"™Octave in thorough-bass theory and practice. Acta Musicologica, v. 64, p. 91–117, 1992.

DELAIR, ETIENNE DENIS. In: FULLER, David. Grove Music Online. Oxford: Oxford University Press, 2001. Disponí­vel em: <https://www.oxfordmusiconline.com/grovemusic/view/10.1093/gmo/9781561592630.001.0001/omo-9781561592630-e-0000007435>. Acesso em: 20 nov. 2020.

FAGERLANDE, Marcelo. O baixo contí­nuo no Brasil 1751-1851: os tratados em português. Rio de Janeiro: 7 Letras/Faperj, 2011.

FAGERLANDE, Marcelo. O meÌtodo de pianoforte de JoseÌ MauriÌcio Nunes Garcia. Rio de Janeiro: Relume DumaraÌ, 1995.

FREIRE, Vanda Lima Bellard. A História da Música em questão – Uma reflexão metodológica. Fundamentos da Educação musical, v. 2, 1994.

Jornal de modinhas: ano I. Lisboa: Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro, 1996.

MATTOS, Cleofe Person de. José Maurí­cio Nunes Garcia: biografia. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 1997.

NOGUEIRA, Gisela Gomes Pupo. A viola con anima: uma construção simbólica. 2008. 241 f. Tese (Doutorado em interfaces sociais da comunicação). Escola de comunicação e artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

PACHECO, Alberto José Vieira. As Modinhas do Pe. José Maurí­cio Nunes Garcia: fontes, edição e prática. Per Musi, v. 39, n. 39, 2019.

RIBEIRO, Manoel da Paixão. Nova arte de viola. Coimbra: Real Officina da Universidade, 1789.

SILVA, Walter Luiz da. Heinrich e Cécile Däniker-Haller - A música doméstica na vida de um casal de negociantes suí­ços entre Zurique e o Rio de janeiro na primeira metade do século XIX. 2015. 371 f. Tese (Doutorado em musicologia histórica). Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2015.

SPIX, Johann Baptist Von; MARTIUS, Karl Friedrich Philipp Von. Reise in Brasilien. 2a. ed. Augsburg: George Jaquet"™s, 1854. v. 1.

STAUNTON, George. An authentic account of an embassy from the King of Great Britain to the Emperor of China. Londres: C. Nicol, 1797. v. 1.

TABORDA, Marcia. Da viola í viola grande: a trajetória do violão no século XIX. In: LOPES, Antonio Herculano et al. (Org.). Música e história no longo século XIX. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2011a. v. 12. p. 183–208.

TABORDA, Marcia. O violão na agenda musical carioca oitocentista. OPUS, v. 25, n. 1, p. 56, mar. 2019.

TABORDA, Marcia. Violão e identidade nacional: Rio de Janeiro 1830-1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011b.

TRILHA, Mário Marques. A música para tecla do Padre José Maurí­cio Nunes Garcia (1767-1830). Per Musi, v. 39, n. 39, 2019.

VIADANA [GROSSI DA VIADANA], LODOVICO. In: MOMPELLIO, Federico. Grove Music Online. Oxford: Oxford University Press, 2001. Disponí­vel em: <https://www.oxfordmusiconline.com/grovemusic/view/10.1093/gmo/9781561592630.001.0001/omo-9781561592630-e-0000029278>. Acesso em: 13 nov. 2020.

Downloads

Publicado

15.12.2020

Como Citar

de Souza, L. C. Q., & da Silva, A. A. C. (2020). A viola na sociedade oitocentista carioca e o baixo contí­nuo. Revista Vórtex, 8(3), 1.32. https://doi.org/10.33871/23179937.2020.8.3.1.32

Edição

Seção

Artigos