O processo de geração de sentidos e sua importância para a transcrição de uma obra musical

Autores

  • Victor Vale Universidade Federal de Ouro Preto
  • Flavio Barbeitas Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.33871/23179937.2020.8.3.1.9

Palavras-chave:

Transcrição musical, Tradução literária, Idiomatismo instrumental, Significância, Violão

Resumo

A prática de transcrição tem sido um elemento presente no desenvolvimento histórico da música ocidental de tradição escrita. Motivada pelo desejo de apropriação e ampliação de repertório, tal prática se estabeleceu num quadro de submissão ao universo idiomático-estético de chegada, de forma tal que o texto transcrito viesse a se adequar da melhor forma possí­vel ao funcionamento mecânico e à cultura do instrumento de destino. O artigo sugere que, ao privilegiar a operacionalidade da obra no instrumento para o qual transcreve, o transcritor distorce o tecido expressivo-significante em potência no texto de origem, o qual é fruto da interseção estabelecida entre o universo idiomático e o discurso musical de partida. A aproximação com as teorias da tradução pós-Goethe, calcadas na filosofia da experiência, possibilita um novo olhar para a prática transcritiva, conferindo uma relação mais ética e poética com a obra a ser transcrita.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Victor Vale, Universidade Federal de Ouro Preto

Doutor em Música pela Universidade Federal de Minas Gerais, na linha de pesquisa da Performance Musical, com a tese "A Tradutibilidade do Sentido: o processo de transcrição musical", que recebeu o Prêmio UFMG de Teses em 2019. Foi também premiado em importantes concursos de violão, nacionais e internacionais, valendo citar o XIX Concurso de Violão Souza Lima (SP), o II Concurso de Violão da Faculdade Cantareira (SP), o I Concurso de Violão Maurí­cio de Oliveira, entre outros. Atualmente é professor Adjunto II da Universidade Federal de Ouro Preto. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0105-695X

Flavio Barbeitas, Universidade Federal de Minas Gerais

Bacharel e Mestre em Música pela UFRJ, Doutor em Estudos Literários pela UFMG. Professor Associado da Escola de Música da UFMG, atua nos ní­veis de Graduação e Pós-graduação. Além da atuação regular como violonista, dedica-se a aspectos teóricos da música em dois eixos principais: 1) a música na relação geral com a cultura brasileira e com os processos de construção e desconstrução da identidade nacional; 2) a música na relação com outras artes, principalmente a Literatura, a partir de temas como Música e Representação, Música e Linguagem. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6967-878X

Referências

ASLANOV, Cyril. A tradução como manipulação. São Paulo: Perspectiva: Casa Guilherme de Almeida, 2015.

BACH, Johann Sebastian. Bourrée. Transcrição de A. Segovia. Mainz: Schott"™s Söhne, 1928.

BACH, Johann Sebastian. Sonatas and Partitas, ed. Alfred Dörffel in the Bach-Gesellschaft, Volume 27. Leipzig: Breitkopf & Hartel, 1879.

BARBEITAS, Flávio. Reflexões sobre a prática da transcrição: as suas relações com a interpretação na música e na poesia. Per Musi. Belo Horizonte, v.1, 2000. p. 89-97.

BENJAMIN, Walter. A tarefa do tradutor. Tradução de Fernando Camacho. Humboldt, Munique, F. Bruckmann, n. 40, p. 38-45, 1979.

BERMAN, Antoine. A tradução e a letra ou o albergue do longí­nquo. Tradução de Marie Helène Catherine Torres, Mauri Furlan e Andréia Guerini. Rio de Janeiro: 7Letras / PGET, 2007.

BOTA, João Victor. Aproximações entre tradutologia e os processos criativos em transcrições musicais do Rudepoema de Heitor Villa-Lobos. 2017. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes, Campinas, SP.

COOK, Nicholas. Entre o processo e o produto: música e/enquanto performance. Per Musi, Belo Horizonte, n.14, 2006, p.05-22.

COSTA, Gustavo Silveira. Seis Sonatas e Partias para violino solo de J.S. Bach ao violão: fundamentos para adaptação do ciclo. 2012. Tese (Doutorado em Musicologia) – Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, Universidade de São Paulo, São Paulo.

LARANJEIRA, Mário. Poética da Tradução. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.

LEDBETTER, David. Unaccompanied Bach: Performing Solo Works. Yale University Press, 2009.

MARTIN, Robert L. Musical Works in the Worlds of Performers and Listeners. In: Michael Krausz (ed.), The Interpretation of Music: Philosophical Essays. Oxford: Clarendon Press: 119-27, 1993.

PEREIRA, Flávia. As Práticas de Reelaboração Musical. 2011. Tese (Doutorado em Musicologia) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo.

PIEDADE, Acácio T. C. A teoria das tópicas e a musicalidade brasileira: reflexões sobre a retoricidade na música. El Oí­do Pensante, v.1, p.1 – 23, 2013.

RIBEIRO, Sérgio Vitor de Souza. Reelaborações para violão da obra de J.S. Bach: Análise das versões de Francisco Tárrega e Pablo Marquez da Fuga BWV 1001. 2014. Dissertação (Mestrado em Música). Centro de Letras e Artes, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

RICOEUR, Paul. Sobre a Tradução. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.

RODRIGUES, Pedro João. Para uma Sistematização do Método Transcricional Guitarrí­stico. 2011. Tese (Doutorado em Música) – Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro, Aveiro.

SIMíO, André Freitas. The process of arranging Silvius Leopold Weiss"™ solo lute works for guitar from the Rohrau collection. Dissertação de mestrado, Universität Mozarteum Salzburg, 2013.

TOROP P. La traduzione totale. Ed. B. Osimo. Módena, Guaraldi Logos, 2000.

UNES, Wolney. Entre músicos e tradutores, a figura do intérprete. Editora da UFG – Universidade Federal de Goiânia, Coleção Quí­ron, 1998.

VALE, Victor Melo. A Tradutibilidade do Sentido: O processo de transcrição musical. Tese (Doutorado em Música) - Escola de Música, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.

Downloads

Publicado

15.12.2020

Como Citar

Vale, V., & Barbeitas, F. (2020). O processo de geração de sentidos e sua importância para a transcrição de uma obra musical. Revista Vórtex, 8(3), 1.9. https://doi.org/10.33871/23179937.2020.8.3.1.9

Edição

Seção

Artigos