Adaptação de gêneros brasileiros a compassos mistos como semente do processo composicional

Autores

  • Raphael Ferreira da Silva Universidade Federal de Uberlândia

DOI:

https://doi.org/10.33871/23179937.2021.9.3.10

Palavras-chave:

gêneros musicais brasileiros, composição musical, música brasileira instrumental "˜jazzisticamente orientada"™, compassos mistos, modulação métrica

Resumo

Neste artigo, abordo os processos técnico-musicais de adaptação a compassos mistos dos gêneros brasileiros ijexá, maracatu e samba como pontos de partida para um processo composicional; destaco ainda a utilização do recurso de modulação métrica no rol de mecanismos rí­tmicos implicados na estruturação do material musical gerado. Quanto aos aspectos estético-musicais, opto por categorizar o produto artí­stico deste trabalho como "˜música brasileira instrumental "˜jazzisticamente orientada', uma vez que seu processo de construção se deu por meio da aplicação de procedimentos e elementos técnico-estético-musicais observados na bibliografia e discografia tanto da música brasileira popular quanto do jazz. Por fim, com o presente texto busco apontar que, partindo de bagagem artí­stica habitual í queles que se dedicam à criação musical no contexto abordado, a adaptação de gêneros brasileiros a contextos rí­tmicos não-isócronos é aplicável como recurso impulsionador para o surgimento de ignições combinatórias no processo aristoxênico de composição musical.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raphael Ferreira da Silva, Universidade Federal de Uberlândia

Raphael Ferreira é saxofonista, compositor e arranjador, tendo lançado nove discos entre projetos como solista ou colí­der. Em colaborações ou como sideman, tem trabalhos realizados com Banda Urbana, Grupo Comboio, Grupo Amanajé, Airto Moreira, Flora Purim, Arismar do Espí­rito Santo, Filó Machado, Letieres Leite e Rosa Passos, tendo excursionado pelas Américas do Sul e Norte, Europa e Marrocos; nesta atividade, destaca-se sua atuação junto ao grupo Hermeto Pascoal & Big Band, premiado no Latin Grammy 2018. Ferreira é Doutor em Música pela Unicamp e realizou Pós-Doutorado pela University of North Texas/EUA; atualmente é professor da Universidade Federal de Uberlândia. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2127-6287

Referências

ADAMI, Felipe Kirst. Música Sistêmica: Intersecções entre processos criativos, concepção estética e composição musical. Anais do 7 Simpósio Internacional de Cognição de Artes Musicais. Brasí­lia, 2011.

ANDRADE, Dhieego Cardoso de. Forças D ÌAlma: um estudo sobre a "abordagem melodicamente orientada" de Tutty Moreno. Dissertação de Mestrado em Música. Campinas: Unicamp, 2018.

BARSALINI, Leandro. Modos de execução da bateria no Samba. Tese de Doutorado em Música. Campinas: Unicamp, 2014.

BENADON, Fernando. Towards a Theory of Tempo Modulation. In The 8th International Conference on Music Perception & Cognition. Adelaide: Casual Productions, 2004. Disponí­vel em: <https://dra.american.edu/islandora/object/auislandora%3A55079/datastream/PDF/view>. Acesso em: 8 jun. 2021

BERNARD, Jonathan W. The Evolution of Elliott Carter"™s Rhythmic Practice. Perspectives of New Music, Vol. 26, No. 2 (Summer, 1988), p. 164-203.

BORGDORFF, Henk. O conflito das faculdades: sobre teoria, prática e pesquisa em academias profissionais de artes. Trad.: Daniel Lemos Cerqueira. Opus, v. 23, n. 1, p. 314-323, abr. 2017.

______. The debate on research in the arts. In Dutch Journal of Music Theory. Vol. 12, n.1, 2007. p. 1-17.

BRUBECK, Dave. Time Out. New York: Columbia Records, 1959. LP.

CRESTON, Paul. Principles of Rhythm. New York: Belwin Mills, 1964.

CRISPIN, Darla. Artistic Research and Music Scholarship: Musing and Models from a Continental European Perspective. In DOGANTAN-DACK, Mine (Ed.). Artistic Practice as Research in Music: Theory, Criticism, Practice. Farnham: Ashgate, 2015. p.53-72.

DAVIS, Miles. Miles Smiles. New York: Columbia Records, 1967. LP.

DOM UM ROMíO. Dom Um. New York: Philips, 1964. LP.

DRUMMOND, John. The Creative Artist as Researcher Practitioner. In BENDRUPS, Dan; DOWNES, Graeme (Eds.). Dunedin Soundings, Place and Performance. Otago: Otago University Press, 2011. p.29-40.

ERICKSON, Robert. Time-Relations. Journal of Music Theory, Vol. 7, No. 2. Duke University Press on behalf of the Yale University Department of Music (Winter, 1963), p. 174-192.

EZEQUIEL, Carlos; RIBEIRO, Guilherme; SYLLOS, Gilberto. Baião e + Ritmos Nordestinos. São Paulo: Souza Lima, 2009.

FARINA, Mauricius Martins. O artista pesquisador. Revista Visuais (on line) v. 1 n. 1, p. i-ii, 2015.

FORTIN, Sylvie e GOSSELIN, Pierre. Considerações metodológicas para a pesquisa em arte no meio acadêmico. Art Research Journal. Brasil: V. 1, n. 1, p. 1-17. Brasil: jan. / jun. 2014.

GOMES, Marcelo Silva. O Samba na Música Popular Instrumental Brasileira de 1978 a 1998. Dissertação de Mestrado em Educação, Artes e História da Cultura. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2003.

GOMES, Sergio. Novos Caminhos da Bateria Brasileira. São Paulo: Vitale, 2008.

GUILLOT, Gerald. Uma perspectiva musicológica analí­tica a serviço de uma compreensão aprofundada do maracatu de baque virado. GUILLEN, Isabel Cristina Martins (org.). Inventário Cultural dos Maracatus-Nação de Pernambuco. Recife: Editora Universitária, 2013.

HARTLAND, Nick. The Evolution of Metric Modulation. Trabalho de Conclusão de Curso. London: The Academy of Contemporary Music, 2014.

IKEDA, Alberto. O ijexá no Brasil: rí­tmica dos deuses nos terreiros, nas ruas e palcos da música popular. Revista USP. São Paulo, n. 111, p. 21-36. outubro/novembro/dezembro 2016.

KLEIN, Julian. What is Artistic Research? In Gegenworte n. 23, Berlin-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften, 2010.

LAWN, Richard J. e HELLMER, Jeffrey L. Jazz Theory and Practice. Los Angeles: Alfred Publishing Co. Inc., 1993.

LEAVY, Patricia. (org.) Handbook of Arts-Based Research. New York: The Guilford Press, 2017.

LETIERES LEITE & ORQUESTRA RUMPILEZZ. A Saga da Travessia. São Paulo: Selo Sesc, 2016. CD.

LIGON, Bert. Jazz theory resources: tonal, harmonic, melodic and rhythmic organization of jazz – vols. 1-2. Houston: Houston Publishing, 2001.

LIMA FILHO, Realcino. A bateria brasileira no século XXI. São Paulo: edição do autor, 2008.

LONDON, Justin. Hearing in Time: Psychological Aspects of Musical Meter. New York: Oxford University Press, 2004.

LÓPEZ-CANO, Rubén. Pesquisa artí­stica, conhecimento musical e a crise da contemporaneidade. Art Research Journal, V. 2, n. 1, p. 69-94. Brasil: jan. / jun. 2015

LOWELL, Dave e PULLIG, Ken. Arranging for Large Jazz Ensemble. Boston: Berklee Press, 2003.

MARQUES, Guilherme; HASHIMOTO, Fernando. Escuta imaginária: Nenê e a perspectiva assintomática de aplicação dos ritmos brasileiros para bateria, na música instrumental brasileira improvisada. Música Popular em Revista (online), v.7, p. 1-31, e020006, 2020.

MARSALIS, Wynton. Standard Time Vol. 1. New York: Columbia Records, 1987. CD.

MOURA, Eli-Eri Luiz de. Noite dos Tambores Silenciosos for Symphony Orchestra. Tese de Doutorado em Música. Montreal: McGiII University, 2003.

MULLINS, Steve. "Metric Modulation" or drum tempo contrasts in Hopi traditional dance. The American Music Research Center Journal; Boulder, Vol. 5, (Jan 1, 1995): 57.

NETTO, Alberto. Brazilian rhythms for drum set and percussion. Boston: Berklee Press, 2003.

ORQUESTRA DE CORDAS DEDILHADAS DE PERNAMBUCO. Orquestra de Cordas Dedilhadas de Pernambuco. Rio de Janeiro: Funarte, 1984. LP.

PAULI, Elvis e PAIVA, Rodrigo Gudin. A polirritmia e suas derivações, associações e similaridades musicais. Revista Música Hodie, Goiânia, V.15 - n.1, 2015, p. 87-103

PELLON, Oscar. Batuque é um Privilégio. Rio de Janeiro: Editora Lumiar, 2003.

PITOMBEIRA, Liduino. Diálogos entre a musicologia e a composição í luz de três modelos composicionais. In VOLPE, Maria Alice (org.). Teoria, Crí­tica e Música na Atualidade. Rio de Janeiro: UFRJ, 2012.

QUARTETO NOVO. Quarteto Novo. São Paulo: Odeon, 1967. LP.

RILEY, John. Beyond Bop Drumming. Van Nuys: Alfred Music Publishing, 1997.

SAULL, Jordan P. Non-Isochronous Meter: a study of cross-cultural practices, analytic technique, and implications for jazz pedagogy. Tese de Doutorado em Música. Toronto: York University, 2014.

SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da Composição Musical. São Paulo: EDUSP, 1992.

SEBESKY, Don. The Contemporary Arranger. Sherman Oaks: Afred Publishing Co, 1984.

SILVA, Nathália Martins da. Uma abordagem Semiológica da peça Maracatú, de Egberto Gismonti. Dissertação de Mestrado em Música. Rio de Janeiro: UFRJ, 2014.

SKINNER, Marco Gérard; RAMOS, Tássio; BARRETO, Almir Côrtes. Um olhar musical sobre a canção "Filhos de Gandhy" a partir da performance de Gilberto Gil na USP, em 1973. Música Popular em Revista, Campinas, v. 7, p. 1/e020002-23, 2020.

SYLLOS, Gilberto; MONTANHAUR, Ramon. Bateria e Contrabaixo na Música Popular Brasileira. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2003.

THORNTON, Alan. Artist, Researcher, Teacher: a study of professional identity in art and education. Bristol: Hobbs, 2013.

TRALDI, Cesar Adriano. Estudo e Performance de Processos Rí­tmicos do Século XX com Auxí­lio de Dispositivos Eletrônicos. Revista Música Hodie, Goiânia, V.14 - n.1, 2014, p. 96-104

TRIO CURUPIRA. Curupira. São Paulo: Jam Music/Caravelas, 2000. CD

TROTTA, Felipe C. Gêneros musicais e sonoridade: construindo uma ferramenta de análise. Revista ícone (on line) v. 10, p.1-12, 2008.

WUORINEN, Charles. Simple Composition. New York: Edition Peters, 1979.

Downloads

Publicado

15.12.2021

Como Citar

da Silva, R. F. (2021). Adaptação de gêneros brasileiros a compassos mistos como semente do processo composicional. Revista Vórtex, 9(3), 10. https://doi.org/10.33871/23179937.2021.9.3.10

Edição

Seção

Artigos