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TECER PARA PERTENCER

OBRA TÊXTIL E ANCENTRALIDADE EM CLAUDIA LARA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/sensorium.2025.12.11204

Palavras-chave:

Arte têxtil, Bordado, Feminismo, Mulheres artistas, Mulheres negras, Claudia Lara

Resumo

Este artigo analisa o uso de elementos têxteis na obra da artista Claudia Lara, compreendendo-os como dispositivos poéticos que acionam questões de pertencimento, memória e identidade, com destaque para a ancestralidade de mulheres negras. Ao incorporar tecidos e linhas em sua poética, a artista ressignifica materiais historicamente confinados ao espaço doméstico e associados às mulheres de sua família – mulheres habilidosas nos trabalhos manuais, mas privadas do acesso à educação formal. Ao utilizar esses elementos em sua poética, a artista busca reinscrever essas mulheres na experiência expandida da arte, propondo novas relações de gênero e raça a partir de fotografias e memórias familiares. Considerando sua trajetória poética, este artigo fundamenta-se nos estudos de raça e gênero e, com base em documentos históricos e entrevistas, analisa os lugares da arte têxtil no campo da arte contemporânea, problematizando sua desvalorização histórica – intimamente ligada à naturalização das ideias de “feminino”.

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Biografia do Autor

Angela Patricia Niespodzinski, Universidade Estadual do Paraná – Campus Curitiba II

Angela Patricia Niespodzinski é artista visual, pesquisadora. Graduada em Artes Visuais pela Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), cursa atualmente o Mestrado em Artes na mesma instituição, onde desenvolve a pesquisa A arte têxtil de Claudia Lara: retomando o fio do pertencimento”, sob orientação de Artur Freitas. Seu trabalho transita entre arte têxtil, feminismo e história da arte, utilizando o bordado como prática crítica e poética para questionar opressões e violências estruturais.

Artur Correia de Freitas, Universidade Estadual do Paraná (PPGAV/UNESPAR)

Artur Freitas é pesquisador PQ-C do CNPq, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Estadual do Paraná (PPGAV/UNESPAR), docente do Programa de Pós-Graduação em Artes da mesma instituição (PPGARTES), professor do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná (PPGHIS/UFPR) e autor, entre outros, de Arte de guerrilha (Edusp, 2022, 2ª ed.), Festa no vazio (Intermeios, 2017) e Arte e contestação (Medusa, 2013).

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Publicado

2025-11-19 — Atualizado em 2025-11-26

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