Plataforma Sapatão no Teatro

mapear como gesto contracolonial

Autores

  • Alberto Ferreira da Rocha Junior UFSJ
  • Kami Oliveira Soares UFSJ

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2025.33.2.11065

Palavras-chave:

sapatão, colonialidade, teatro brasileiro, memória, gesto contracolonial

Resumo

O presente artigo analisa os processos de invisibilização das lesbianidades e sapatonices no teatro brasileiro, compreendendo-os como efeitos da colonialidade de gênero. A partir do conceito de “lado obscuro do gênero”, formulado por María Lugones, e das contribuições de autoras como Monique Wittig, Judith Butler, Adrienne Rich, Saidiya Hartman e Grada Kilomba, discutimos como a lógica eurocêntrica produziu uma matriz cisheteropatriarcal que marginaliza corpos dissidentes de gênero e sexualidade. Nesse contexto, analisamos a atuação da Plataforma Sapatão no Teatro, criada em 2021, como um gesto contracolonial que se propõe a mapear, registrar e difundir trajetórias de artistas sapatonas. O mapeamento e a fabulação crítica do presente configuram-se como estratégias políticas e epistemológicas para enfrentar o apagamento histórico e afirmar uma memória sapatão no teatro brasileiro, articulando passado, presente e futuro na construção de narrativas de resistência.

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Biografia do Autor

Alberto Ferreira da Rocha Junior, UFSJ

Alberto Tibaji (Alberto Ferreira da Rocha Junior) é graduado em Artes Cênicas (UNIRIO, 1987), mestre em Filosofia (UFRJ, 1991) e doutor em Artes (USP, 2002). Atualmente é Professor Associado IV e coordenador do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da UFSJ, liderando pesquisas em História do Espetáculo, Teatro, Memória e Cultura. Desenvolve estudos sobre arquivo e memória, auto/biografias, diversidade sexual e comicidade. Atuou como pró-reitor, assessor do MinC e coordenador de projetos nacionais de extensão cultural. Realizou pós-doutorado na UNIRIO e foi Short Term Visiting Scholar na University of Georgia. Lidera o Grupo de Pesquisas em Artes Cênicas da UFSJ e é vice-líder do grupo Estudos de História e Historiografia do Espetáculo da UNIRIO.
http://lattes.cnpq.br/4309667824438929

Kami Oliveira Soares, UFSJ

Kami Soares é bacharel em Teatro pela UFMG e mestrande no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da UFSJ. Sob a orientação do prof. Alberto Tibaji, desenvolve a pesquisa "A presença sapatão no teatro belorizontino do século XXI". Atua nos campos de performance, dramaturgia, produção e comunicação cultural, tendo sido artista residente do CEFART (Palácio das Artes/Belo Horizonte) em 2021. Desde 2022 integra elenco e comunicação do espetáculo Defesa, assinando também dramaturgia junto a Júlia Campos. Integra a Plataforma Sapatão no Teatro. 

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Publicado

2025-12-17

Como Citar

FERREIRA DA ROCHA JUNIOR, Alberto; SOARES, Kami Oliveira. Plataforma Sapatão no Teatro: mapear como gesto contracolonial. Revista Cientí­fica/FAP, Curitiba, v. 33, n. 2, p. 141–159, 2025. DOI: 10.33871/19805071.2025.33.2.11065. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/revistacientifica/article/view/11065. Acesso em: 18 dez. 2025.