“Adjetivo Feminino”

relações entre arte, gênero e palavras que agem

Autores

  • Marina Tavares Jerusalinsky PGEHA-USP

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2024.30.1.8701

Palavras-chave:

arte e palavra, feminismos, fala performativa, mulher e esfera pública, mulheres na arte

Resumo

Este texto apresenta o livro de artista “Adjetivo Feminino: dicionário de experiências”, um trabalho participativo que recebeu relatos de 41 mulheres sobre adjetivos usados para caracterizá-las que as marcaram ao longo da vida, ligados ao seu gênero, a partir dos quais foram criados 59 verbetes. Através da análise desse trabalho, busca-se compreender em que medida as mulheres são vistas como sujeitas, atualmente, face a uma história de objetificação e domesticidade, para que suas falas possam ser reconhecidas e narrativas plurais sobre esse gênero possam ser incorporadas na sociedade. Com a articulação desenvolvida por Judith Butler (2003, 2021) entre a teoria dos atos de fala de John Austin (1990) e o conceito de performatividade de gênero, investigamos os efeitos da linguagem nas experiências formadoras da categoria “mulher”, bem como as possibilidades de deslocamento ou ressignificação dos discursos normativos de gênero através da criação de contranarrativas poéticas. Nesse sentido, compreende-se a produção artística de mulheres também como potência de transformação de enunciados patriarcais, conforme defende Griselda Pollock (2007), o que demonstra a relevância da ainda necessária discussão sobre a presença de mulheres na arte.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marina Tavares Jerusalinsky, PGEHA-USP

É artista visual, escritora e pesquisadora, graduada em Artes Visuais pela UFRGS, Mestre em Artes pela UERJ e atual doutoranda da Pós-Graduação em Estética e História da Arte na USP, com sanduíche na Universidade Nova de Lisboa. Trabalha com a palavra em projetos de arte participativa, ações no espaço urbano e livros de artista, propondo interlocuções entre arte, feminismos e vida cotidiana. Participou da Bienal Internacional de Arte de Cerveira (PT) e da Bienal de Arte Joven de Santa Fe (AR), além de diversas exposições nacionais. É também autora do livro "Adjetivo Feminino: dicionário de experiências" (2021).

Referências

AUSTIN, John Langshaw. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970.

BOCCHINI, Bruno. Mulheres têm rendimento 21% inferior ao dos homens, mostra pesquisa. Agência Brasil, 06 mar. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-03/mulheres-tem-rendimento-21-inferior-ao-dos-homens-mostra-pesquisa. Acesso em: 07 dez. 2023.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e a subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BUTLER, Judith. Discurso de ódio: uma política do performativo. São Paulo: Editora Unesp Digital, 2021.

CHADWICK, Whitney. Mujer, arte y sociedad, Barcelona: Ediciones Destino, 1992.

GIUNTA, Andrea. Feminismo y arte latinoamericano. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Siglo XXI, Editores Argentina, 2021.

HIRATA, Helena, et al. (orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

HOOKS, Bell. Talking Back: thinking feminist, talking black. Boston: South End Press, 1989.

IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2102020. Acesso em: 07 dez. 2023.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.

NOCHLIN, Linda. Por que não houve grandes mulheres artistas? São Paulo: Edições Aurora, 2016.

ONU. Chefe da ONU alerta para aumento da violência doméstica em meio à pandemia do coronavírus. 20 abr. 2020. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/85450-chefe-da-onu-alerta-para-aumento-da-violencia-domestica-em-meio-pandemia-do-coronavirus. Acesso em: 30 mar. 2021.

POLLOCK, Griselda. Visión, voz y poder: historias feministas del arte y marxismo. In: REIMAN, Karen Cordero; SÁENZ, Inda (orgs.). Crítica Feminista en la teoría e Historia del arte. México: Universidad Iberoamericana, 2007.

RACHEL, Denise Pereira. As mulheres andam mal: das aulas erráticas às aulas vadias na emergência dos mapas do medo. Rascunhos, Uberlândia, MG, v.5, n.3, p. 36-59, dez. 2018. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/rascunhos/article/view/43163/24962. Acesso em: 19 jul. 2022.

SIMIONI, Ana Paula Cavalcante. O corpo inacessível: as mulheres e o ensino artístico nas academias do século XIX. ArtCultura, Uberlândia, v. 9, n. 14, p. 83-97, jan.-jun. 2007.

Downloads

Publicado

2024-07-01

Como Citar

JERUSALINSKY, Marina Tavares. “Adjetivo Feminino”: relações entre arte, gênero e palavras que agem. Revista Cientí­fica/FAP, Curitiba, v. 30, n. 1, p. 203–222, 2024. DOI: 10.33871/19805071.2024.30.1.8701. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/revistacientifica/article/view/8701. Acesso em: 2 jul. 2024.