Dimensões cristãs da luz em "Quando eu era vivo" (2014)

estratégias e sentidos cristãos das luzes e das trevas no cinema de terror latino-americano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2025.32.1.10295

Palavras-chave:

cinema, cristianismo, luz, sombra, economia

Resumo

No presente artigo, investigamos as possíveis dimensões cristãs da luz e da sombra que permeiam a direção de fotografia audiovisual do longa-metragem Quando eu era vivo (2014), do diretor brasileiro Marco Dutra. Por meio de um procedimento comparativo, confrontamos a fotografia do filme com diferentes práticas cristãs da luz anteriores ao século XVIII. A partir disso, argumentamos que a construção luminosa do filme ecoa determinados sentidos, valores e estratégias da luz e da sombra ligados à religião cristã. Em específico, buscamos entender de que modo o conceito teológico de economia, tal como estudado por Giorgio Agamben e Marie-José Mondzain, pode contribuir para iluminar a compreensão de algumas estratégias emocionais que mobilizam a luz e estão presentes nos diferentes objetos estudados. Embora não desejemos, de forma alguma, generalizar os resultados de nosso estudo, ambicionamos, a partir dele, não apenas tensionar de que modo a fotografia audiovisual se insere em uma produção imaginária mais ampla — da qual se torna inseparável —, mas também desnaturalizar os possíveis sentidos, valores ou relações de poder veiculados, estimulados ou instaurados por meio de certas práticas luminosas audiovisuais.

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Biografia do Autor

Antoine Nicolas Gonod d Artemare, ESPM

Antoine d'Artemare é doutor em Comunicação (UFF, 2024) e mestre em Comunicação e Cultura (UFRJ, 2020), com formação em Cinema pela La Fémis (Paris, 2010). Professor no curso de Cinema e Audiovisual da ESPM-RJ desde 2018, leciona disciplinas de Fotografia, Direção de fotografia e Correção de cor e finalização. Seus principais temas de pesquisa são cinema e audiovisual; direção de fotografia; luz e biopolítica. Atua como diretor de fotografia e colorista e, desde 2013, gerencia o estúdio de finalização Azul Que Não Há, no Rio de Janeiro. http://lattes.cnpq.br/2673891375061987 E-mail: antoine.dartemare@gmail.com

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Publicado

2025-07-01

Como Citar

GONOD D ARTEMARE, Antoine Nicolas. Dimensões cristãs da luz em "Quando eu era vivo" (2014): estratégias e sentidos cristãos das luzes e das trevas no cinema de terror latino-americano. Revista Cientí­fica/FAP, Curitiba, v. 32, n. 1, p. 184–210, 2025. DOI: 10.33871/19805071.2025.32.1.10295. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/revistacientifica/article/view/10295. Acesso em: 15 jul. 2025.