O som na mise en scène do documentário El árbol negro (2018)
memória, território e resistência Qom
DOI:
https://doi.org/10.33871/19805071.2025.32.1.10102Palavras-chave:
som, mise en scène, documentário indígena, desenho sonoroResumo
O artigo analisa o uso do som no documentário El árbol negro (2018), de Máximo Ciambella e Damián Coluccio, como elemento fundamental da mise en scène, especialmente na construção de sentidos ligados à cosmologia dos indígenas Qom. Com base nas teorias da “audiovisão” (Chion, 2011), da ecologia acústica (Schafer, 2001) e tendo como metodologia a análise interna (Aumont e Marie, 2009), investiga-se como os sons fundamentais e arquetípicos do território dialogam com as imagens para criar “metáforas audiovisuais” (Nichols, 2005). O estudo também recorre a abordagens do cinema indígena, da antropologia e da etnomusicologia para evidenciar a escuta como central no pensamento ameríndio. A análise revela que o som ambiente não apenas situa o território, mas também reflete os conflitos entre a cosmovisão Qom e o agronegócio, apoiando a narrativa do protagonista em sua jornada espiritual. Por meio da encenação das escutas seletivas dos personagens, o som transita entre os mundos físico e espiritual, reforçando o perspectivismo indígena como eixo simbólico do filme.
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