O som na mise en scène do documentário El árbol negro (2018)

memória, território e resistência Qom

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2025.32.1.10102

Palavras-chave:

som, mise en scène, documentário indígena, desenho sonoro

Resumo

O artigo analisa o uso do som no documentário El árbol negro (2018), de Máximo Ciambella e Damián Coluccio, como elemento fundamental da mise en scène, especialmente na construção de sentidos ligados à cosmologia dos indígenas Qom. Com base nas teorias da “audiovisão” (Chion, 2011), da ecologia acústica (Schafer, 2001) e tendo como metodologia a análise interna (Aumont e Marie, 2009), investiga-se como os sons fundamentais e arquetípicos do território dialogam com as imagens para criar “metáforas audiovisuais” (Nichols, 2005). O estudo também recorre a abordagens do cinema indígena, da antropologia e da etnomusicologia para evidenciar a escuta como central no pensamento ameríndio. A análise revela que o som ambiente não apenas situa o território, mas também reflete os conflitos entre a cosmovisão Qom e o agronegócio, apoiando a narrativa do protagonista em sua jornada espiritual. Por meio da encenação das escutas seletivas dos personagens, o som transita entre os mundos físico e espiritual, reforçando o perspectivismo indígena como eixo simbólico do filme.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Raquel Salama Martins, Universidade Federal da Bahia

Doutoranda e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Membro do núcleo de pesquisa Nanook, coordenado pelo professor José Francisco Serafim, do Laboratório de Análise Fílmica (LAF), Salvador, Bahia, Brasil, raquelsalam@gmail.com

Referências

AUMONT, Jacques. O cinema e a encenação. Texto e Grafia. Lisboa, 2008.

AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. A análise do filme. Lisboa. Edições Texto & Grafia, 2009.

BOLOGNESI, Luiz (Direção). Ex-Pajé [Filme]. Brasil: Buriti Filmes; Gullane Entretenimento, 81 min, son., color, 2018.

BORDWELL, David. Figuras traçadas na luz: a encenação no cinema. Tradução Maria Luiza Machado Jatobá. Campinas: Papirus, 2008.

BORTOLIN, B. Leonardo. Processos ao redor: uma discussão entre técnica e estética a partir de uma outra escuta do filme O som ao redor. Dissertação (Mestrado do Instituto de Artes). Universidade Estadual de Campinas. São Paulo, 2016.

BRASIL, André. Ver por meio do invisível: O cinema como tradução xamânica. Novos

Estudos CEBRAP [online]. 2016, v. 35, n. 3, p. 124-147. Recuperado de: https://doi.org/10.25091/S0101-3300201600030007. Acesso em: 19 dez. 2024.

CARREIRO, Rodrigo (org.). O som do filme: uma introdução. Curitiba. Ed UFPR, 2018.

CIAMBELLA, Máximo; COLUCCIO, Damián (Direção). El árbol negro [Filme]. Som: Atilio Sánchez; Lucía Torres. Direção de fotografia: Cobi Migliora. Montagem: Lucía Torres. Ass. direção: Francisco Marisse. 1 filme (80 min), son., color, Argentina, 2018.

COSTA, F. M. da. Pode o cinema contemporâneo representar o ambiente sonoro em que vivemos? Revista Logos Comunicação e Audiovisual, n.01, v. 32, 2010, p.94-106.

DE QUEIROZ, Ruben Caixeta. Cineastas indígenas e pensamento selvagem. DEVIRES-Cinema e Humanidades. 2008, v. 5, n. 2, p. 98-125.

CHION, Michel. A audiovisão: som e imagem no cinema. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2008.

CHION, Michel. Film: a sound art. Tradução de Claudia Gorbman. New York: Columbia University Press, 2009.

DESHAYS, Daniel. Pour une écriture du son. Paris, Klincksieck, 2006.

FLÔRES, Virgínia. O cinema, uma arte sonora. São Paulo: Annablume, 2013.

FLÔRES, Virgínia. Identidade e alteridade no cinema: espaços significantes na poética sonora contemporânea. Significação [online]. 2015, v. 42, n. 44, pp. 232-253. Disponível em https://doi.org/10.11606/issn.2316-7114.sig.2015.103048. Acesso em 20 dez. 24.

FORNS-BROGGI, Roberto. El ecocine andino como herramienta de convivencialidad: El tiempo de la semilla. In: Noriega Bernuy, J. y Morales Mena, J. (Eds.) Cine Andino. Pakarina Ediciones: Lima, 2015.

GUZMÁN, Patricio (Direção). El botón de nácar [Filme]. França; Chile; Espanha: Atacama Productions; Valdivia Film; Mediapro, 82 min, son., color, 2015.

MEIRELLES, Fernando (Direção). Ensaio sobre a cegueira [Filme]. Canadá; Brasil; Japão: O2 Filmes; Rhombus Media; Bee Vine Pictures, 2008.

MENDONÇA FILHO, Kleber (Direção). O som ao redor. 131 min. Brasil, 2013.

NICHOLLS, Bill. Introdução ao documentário. Campinas, São Paulo: Papirus, 2005.

RESNAIS, Alain (Direção). Nuit et brouillard. 32 min. França: Argos Films, 1955.

SCHAFER, Murray. A afinação do mundo. São Paulo: Editora UNESP, 2001.

STENGERS, Isabelle. A proposição cosmopolítica. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil. 2018, abr., n. 69, p. 442-464.

TAVARES, Joana. Agência feminina, terra e multissensorialidade: a mitopráxis Tikmũ’ũn no cinema. 2022, 432f. Tese (doutorado) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2022.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Perspectival anthropology and the method of controlled equivocation. Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America. [Online]. 2004. Berkeley, v. 2, n. 1, pp. 03-21. Recuperado de: https://doi.org/10.70845/2572-3626.1010. Acesso em 19 dez. 2024.

Downloads

Publicado

2025-07-01

Como Citar

SALAMA MARTINS, Raquel; SERAFIM, José Francisco. O som na mise en scène do documentário El árbol negro (2018) : memória, território e resistência Qom. Revista Cientí­fica/FAP, Curitiba, v. 32, n. 1, p. 418–444, 2025. DOI: 10.33871/19805071.2025.32.1.10102. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/revistacientifica/article/view/10102. Acesso em: 15 jul. 2025.