Movimento Lumpa: aprendizagens étnicas para uma identidade cristã em Zâmbia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/nupem.2022.14.31.58-73

Palavras-chave:

Intercultural, Movimento Lumpa, Identidade

Resumo

Nosso escopo foi investigar o Movimento Lumpa (1954-1964), liderado por Alice Lenshina na Zâmbia, como processos interculturais identitários relativos às aprendizagens de longa duração. Utilizamos a concepção de constelações de aprendizagem, estabelecendo a interface entre a historiografia africana e a Antropologia da Educação e a Psicologia Social Comunitária. Interpretamos o Movimento como outra via social de afirmação identitária ao metabolizar cultos aos antepassados e ritos ancestrais a cargo das mulheres, bem como o combate à feitiçaria para atrair as aflições comunitárias modernas. Concluímos que o Movimento revigorou respostas comunitárias com práticas culturais melhor situadas às demandas locais e se contrapôs aos interesses de políticos, empresários e lideranças cristãs por prestígio e domínio da mão-de-obra. Esses poderes patriarcais fizeram uso da força militar para massacrar os adeptos, aprisionar Alice Lenshina e banir o Movimento de liderança feminina, enquanto era uma possibilidade de afirmação do poder local e independente.

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Publicado

2021-12-20