A arte como instrumento de discursivização da memória e da resistência: o caso do Regime Militar no Brasil

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DOI:

https://doi.org/10.33871/nupem.2025.17.40.8645

Palavras-chave:

Ditadura militar, Memória, Testemunho, Documentário

Resumo

Este artigo examina a disputa pela memória durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), enfatizando a arte como instrumento de resistência. O problema principal é como artistas e intelectuais enfrentaram a censura e repressão, mantendo viva a memória dos que lutaram pela democracia. O objetivo é analisar a contribuição da arte, particularmente no documentário Cadê Heleny?, que retrata a trajetória da militante Heleny Guariba. A pesquisa justifica-se pela relevância de se preservar a memória coletiva. A metodologia adotada é a análise qualitativa de fragmentos significativos do documentário, articulando a relação entre política da memória e arte, evidenciando algumas potencialidades intrínsecas do cinema documentário. Os resultados evidenciam que a arte não só representou o protesto contra injustiças, mas moldou a consciência coletiva, contribuindo para os esforços de democratização e justiça no Brasil pós-ditadura. A abordagem explora o cinema documental como ferramenta de resistência, oferecendo uma narrativa alternativa à história oficial.

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Publicado

2025-01-22

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Artigos