Epistemologias feministas e escrita: a realização de uma pesquisa como processo de reflexão sobre um estar no mundo
DOI:
https://doi.org/10.33871/nupem.2023.15.36.29-42Palavras-chave:
Epistemologias feministas, Pesquisa situada, Literatura brasileira contemporâneaResumo
O artigo busca discutir como, na trajetória de consolidação de uma pesquisa, a escrita se mostra distante da execução mecânica de etapas, constituindo-se a partir de uma variedade de mudanças que conduzem menos a uma conclusão em si, e mais a uma transformação de um estar no mundo. Esse processo, no relato apresentado, é mediado sobretudo pelo contato com uma epistemologia feminista. Se Haraway desenha as bases da pesquisa feita a partir de um conhecimento situado e Matos-de-Souza (2022, p. 14) define o autobiográfico enquanto gesto de “tentar registrar, de alguma maneira, o que toca e transforma os seres humanos em sua relação com o mundo”, a discussão se encaminha para pensar como a biografia de uma pesquisa se entrelaça com a biografia de quem a realiza, assim como, também, com as narrativas de agentes humanos e não humanos que abrem caminhos a serem percorridos no desenrolar da experiência.
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