Cinema e memória na obra de Agnès Varda:

a bricolagem audiovisual em Jacquot de Nantes

Resumo

Este artigo analisa a bricolagem de Agnès Varda a partir das costuras entre vida e obra de Jacques Demy, no longa-metragem Jacquot de Nantes (1991). Trata-se de uma discussão sobre a memória enquanto uma atividade de criação na construção de uma narrativa de identidade no cinema. Para este estudo, serão consideradas as trajetórias dos cineastas, buscando conexões entre suas biografias e filmografias para interpretar como os mesmos se lançam sobre o passado na elaboração de uma representação de si. Nesse processo, é evidenciado o estilo cinematográfico da diretora Agnès Varda, considerando suas marcas autorais nas obras e o atravessamento de sua cinescrita com o ensaio como uma forma de fazer cinema. Em Jacquot de Nantes, a união de todas as unidades estilísticas de Agnès Varda cria uma bricolagem audiovisual que reflete sobre a passagem do tempo e sobre o que permanece com o sujeito, como uma colcha de retalhos feita de costuras entre arquivos, encenações, cores, vozes e músicas.