As estratégias de abertura ao intérprete e os procedimentos de controle do discurso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/23179937.2023.11.2.7496

Palavras-chave:

Compositor-intérprete, Relações de poder, Procedimentos de controle do discurso, Paulo de Assis, Análise Crítica

Resumo

Este artigo propõe uma análise crítica da relação compositor/intérprete a partir da proposta do intérprete emancipado conforme articulada por Paulo de Assis. Situamos historicamente as configurações e mecanismos de poder que marcam a divisão de trabalho a partir das concepções de disciplina e soberania de Michel Foucault. Posteriormente, analisamos proposições metodológicas e artísticas fundamentadas na atualização da noção de Obra musical concebida por Assis. A fim de compreender os limites e as contradições que marcam tal proposição, traçamos paralelos entre a abordagem do autor e os procedimentos de controle do discurso. Acreditamos que tal via analítica nos possibilite compreender os mecanismos de ordenamento, delimitação e exclusão que marcam as formações discursivas pautadas no eixo da relação compositor/intérprete.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Daniel Pizaia, Universidade Estadual de Londrina

Possui licenciatura em música pela Universidade Estadual de Londrina (2019) e mestrado em musicologia pela Universidade Federal da Paraíba (2022) na linha de História, Estética e Fenomenologia da Música. Realizou Iniciação Científica focada na análise das gravações de Glenn Gould das Variações Goldberg. No mestrado buscou identificar as normas e condutas performáticas advindas de processos criativos vinculados a indeterminação de John Cage, a vertente de estudo da Colaboração compositor/intérprete e a proposição sobre Obra musical encontrada nos trabalhos de Paulo de Assis. Atua como membro colaborador no projeto de pesquisa CLIC da Universidade Estadual de Londrina, onde estuda as relações de poder nos âmbitos da análise musical e da performance por meio de elementos da análise crítica e arqueológica de matriz foucaultiana.

Fabio Furlanete, Universidade Estadual de Londrina

Possui graduação em Bacharelado em Música, Habilitação em Composição e pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1997), mestrado em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2000) e doutorado em Música pela Universidade Estadual de Campinas (2010). Atualmente é professor assistente da Universidade Estadual de Londrina. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Improvisação e Composição Musical, atuando principalmente nos seguintes temas: composição musical, eletroacústica, improvisação, interface e representação. 

Referências

ASSIS, Paulo de. Logic of Experimentation: Rethinking Music Performance through Artistic Research. Ghent: Orpheus Institute, 2018a.

______________. (Intérpretes: ME21 Collective). Diabelli Machines8: after Ludwig van Beethoven’s Diabelli Variations, op.120. Ghent: Orpheus Institute, 2018b. 1 CD (63:03 min) e 1 DVD (87:00 min). Encarte em digital. Disponível em: <https://www.academia.edu/37373201/Diabelli_Machines_8_CD_and_DVD_>.

ATTALI, Jacques. Noise: the political economy of music. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2009.

CARDASSI, Luciane. Time and Place within a performer-composer collaboration. In: MENDES, Jean Joubert Freitas. NODA, Luciana (Org.). Ensaios sobre a música do século XX e XXI: composição, performance e projetos colaborativos. Universidade Federal do Rio Grande do Norte: EDUFRN, 2016, p. 76-100.

_________________. Shared musical creativity: teaching composer-performer collaboration. Vórtex, Curitiba, v. 8, n. 1, p. 1-19, 2020.

CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault: um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

CLARKE, Eric Fillenz; DOFFMAN, Mark. Distributed Creativity: Collaboration and Improvisation in Contemporary music. New York: Oxford University Press, 2017.

D’ERRICO, Lúcia. Powers of Divergence: an experimental approach to music performance. Ghent: Orpheus Institute, 2018.

DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 2013.

DOMENICI, Catarina. It takes two to tango: a prática colaborativa na música contemporânea. Revista do Conservatório de Música da UFPel, Pelotas, n. 6, p. 1-14, 2013.

DREYFUS, Laurence. Beyond the Interpretation of Music. Journal of Musicological Research, v.39, p. 1-26, 2020.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. 7° ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005a.

_________________. Em defesa da sociedade. Curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 2005b.

________________. O poder psiquiátrico. Curso no Collège de France (1973-1974). São Paulo: Martins Fontes, 2006a.

_________________. Poder-Saber. In: MOTTA, Manuel B. (Org). Ditos & Escritos IV: Estratégia, Poder-Saber. 2° ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006b, p. 223-240.

_________________. A ordem do discurso. Aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24° ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

_________________. História da loucura na idade clássica. 11° ed. São Paulo: Perspectiva, 2017.

GOEHR, Lydia. The Imaginary Museum of Musical Works: an Essay in the Philosophy of music. Oxford: Clarendon Press, 1992.

____________. The Perfect Performance of Music and The Perfect Musical Performance. New Formation: performance matters, v. 27, p. 1-22, 1995.

GOOLEY, Dana. The Battle against Instrumental Virtuosity in the Early Nineteenth Century. In: GOOLEY, Dana; GIBBS, Christopher H. (ed.). Franz Liszt and His World. Princeton: Princeton University Press, 2006, p. 75-111.

HAYDEN, Sam; WINDSOR, Luke. Collaboration and the composer: case studies from the end of the 20th century. Tempo. Cambridge, v. 61, n. 240, p. 28-39, 2007.

LEISTRA-JONES, Karen. Staging Authenticity: Joachim, Brahms, and the Politics of Werktreue performance. Journal of the American Musicological Society, v. 66, n. 2, p. 397-436, 2013.

MOORE, Robin. The Decline of Improvisation in Western Art Music: As interpretation of Change. International Review of the Aesthetics and Sociology of Music, v. 23, n. 1, p. 61-84, 1992.

NYMAN, Michael. Experimental Music: Cage and Beyond. 2° ed. Cambridge University Press, 1981.

PIOTROWSKA, Anna G. Expressing the Inexpressible: The Issue of Improvisation and the European Fascination with Gypsy Music in the 19th Century. International Review of the Aesthetics and Sociology of Music, v. 43, n. 2, p.325-341, 2012.

PRITCHETT, James. The music of John Cage. Cambridge University Press, 1996.

TAYLOR, Alan. ‘Collaboration’ in Contemporary Music: A Theoretical View. Contemporary Music Review, v. 35, p.1-17, 2017.

WHITTALL, Arnold. Composer-performer collaborations in the long twentieth century. In: CLARKE, E. DOFFMAN, M. (Org). Distributed Creativity: Collaboration and Improvisation in Contemporary music. New York: Oxford University Press, 2017, p.21-36.

Downloads

Publicado

14.07.2023

Como Citar

Gouvea Pizaia, D., & Parra Furlanete, F. (2023). As estratégias de abertura ao intérprete e os procedimentos de controle do discurso . Revista Vórtex, 11(2), 1–29. https://doi.org/10.33871/23179937.2023.11.2.7496

Edição

Seção

Artigos