O longo modernismo: reflexões sobre a agenda político-cultural do século XX brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/23179937.2022.10.3.6948

Palavras-chave:

Modernismo: Brasil, Brasil: história cultural, Brasil: Políticas culturais

Resumo

Este artigo parte da hipótese de que o impacto histórico do modernismo brasileiro foi além dos efeitos diretos e da ação dos protagonistas da Semana de Arte Moderna de 1922, articulando-se como formação social, movimento artístico e instituição cultural. A partir dessa premissa, analisaremos os caminhos de um “longo modernismo” brasileiro, sugerindo que esta categoria deve ser analisada como a base de uma agenda cultural e política que orientou um conjunto de ações culturais e projetos que partilhavam um sentimento geral de “brasilidade” baseado na mestiçagem racial, na busca de um idioma cultural comum a todos as raças e classes e na premência do intelectual como tutor da consciência nacional. As mudanças ao longo dos anos 1980 produzidas, em grande parte, pelas respostas dos novos movimentos sociais aos desafios e impasses gerados pela modernização autoritária imposta pelo Regime Militar de 1964, implodiu os princípios gerais, diluiu a agenda e fragmentou a esfera pública onde atuavam os herdeiros do modernismo histórico.

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Biografia do Autor

Marcos Napolitano, Universidade de São Paulo

Marcos Napolitano é professor titular de História do Brasil Independente no Departamento de História da Universidade de São Paulo, Doutor em História Social pela mesma instituição e bolsista 1C do CNPq. É autor dos livros 1964: História do Regime Militar brasileiro (Contexto, 2014) e Coração Civil: a vida cultural brasileira sob o Regime Militar (Intermeios, 2017). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5336-2350. E-mail: napoli@usp.br

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Publicado

16.12.2022

Como Citar

Napolitano, M. (2022). O longo modernismo: reflexões sobre a agenda político-cultural do século XX brasileiro. Revista Vórtex, 10(3), 1–23. https://doi.org/10.33871/23179937.2022.10.3.6948

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