O DESAFIO BIOTECNOLÓGICO E A QUESTÃO ANTROPOLÓGICA APONTAMENTOS A PARTIR DA ÉTICA DE HANS JONAS
DOI:
https://doi.org/10.33871/27639657.2021.1.2.5902Palabras clave:
Tecnologia, Biotecnologias, antropologia e éticaResumen
Nosso propósito aqui é mostrar à luz da ética de Hans Jonas, em que medida o desafio biotecnológico incorre na questão antropológica. E para tanto, precisamos considerar os seguintes pressupostos: o legado otimista que o século XX entregou ao atual século, isto é, um cenário antes inimaginável no decurso de toda a história humana, seja por suas conquistas otimistas, seja por suas insuspeitas ameaças, ambas provenientes do advento das tecnologias em geral e da inédita possibilidade da aplicação em seres humanos das chamadas biotecnologias. Evidentemente, são inúmeros os ganhos proporcionados pelas conquistas da tecnologia os quais não podemos negar. Dentre as várias vantagens das biotecnologias, destacam-se: o uso na correção do ‘defeitos’ da natureza; cura de doenças; o prolongamento da vida; alimentar a humanidade cada vez mais e melhor; a questão ecológica com as formas de energia limpa. Nesse caso, porque temer as biotecnologias? Se por um lado as biotecnologias mostram o seu lado luminoso, por outro lado, ela esconde no seu próprio lado luminoso uma face obscura que pode acarretar ameaças à questão antropológica, portanto, para o ser humano. A tecnologia converteu-se em vocação da humanidade, de modo que tudo que seja da ordem humana precisa passar pelas insígnias da técnica, a qual vem determinando o nosso modo de ser e agir. Todavia, há controvérsias sociais e éticas àquela cuja pretensão é determinar o nosso modo de ser, embora o muito poder da técnica seja sempre incapaz de dizer o que eu devo fazer e como eu devo viver. A primeira controvérsia nos impõe uma tarefa, qual seja: a de investigar se a ciência estaria apta para conhecer a natureza humana, já que o homem vem “brincando” de fabricar o próprio homem. A segunda, colocaremos em forma de pergunta: as biotecnologias podem aumentar o fardo da responsabilidade humana? Colocada essas questões, mostraremos de que forma a ética jonasiana pode iluminar a nossa reflexão sobre a urgência de tais questões na contemporaneidade.
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