Fragmentos de um cinema interrompido

a inventividade destemida de Carlos Saguier na constituição do cinema paraguaio

Autores

  • Andréa C. Scansani UFSC

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2025.32.1.10307

Palavras-chave:

Paraguai, Cinema, Ditadura, Fotografia cinematográfica

Resumo

O presente texto percorre os mecanismos de construção das imagens no cinema latino-americano, para além de seu expediente técnico, buscando refletir sobre seus elementos constitutivos que, via de regra, são edificados em confronto com as camadas políticas de cada contexto histórico. Apesar de utilizar ferramentas técnicas semelhantes às do cinema hegemônico, suas imagens emergem de realidades sócio-históricas únicas. Desse modo, o estudo rejeita uma abordagem universalizante, enfatizando a diversidade fragmentária da América Latina e suas especificidades estéticas, culturais e políticas. Como estudo de caso, este artigo analisa El pueblo (1969), filme dirigido e fotografado por Carlos Saguier durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989) no Paraguai. Produzido com recursos próprios, o filme combina técnicas experimentais — como colorização, negativação, congelamento, monocromia e alto contraste — com uma narrativa que explora a imobilidade social ao longo do tempo. A montagem dinâmica e a trilha sonora dilatada, composta por Luis Cañete, reforçam a dimensão sensorial da obra, que transcende os domínios do documentário, da ficção ou do chamado cinema experimental. Retirado de cartaz por ter sido acusado de traição pelo regime stronista, o filme foi resgatado meio século mais tarde, tornando-se um marco do cinema paraguaio.

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Publicado

2025-07-01

Como Citar

SCANSANI, Andréa C. Fragmentos de um cinema interrompido: a inventividade destemida de Carlos Saguier na constituição do cinema paraguaio. Revista Cientí­fica/FAP, Curitiba, v. 32, n. 1, p. 323–344, 2025. DOI: 10.33871/19805071.2025.32.1.10307. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/revistacientifica/article/view/10307. Acesso em: 15 jul. 2025.