A cinematografia de "A Casa"
presença, atmosfera e Stimmung
DOI:
https://doi.org/10.33871/19805071.2025.32.1.10288Palavras-chave:
Cinematografia, presença, cinema uruguaio, stimmung, gumbrechtResumo
Este artigo aprofunda a análise da fotografia em A Casa (La Casa Muda, Gustavo Hernández, 2010) ao relacionar sua estética de terror psicológico com os conceitos de presença, atmosfera e Stimmung, desenvolvidos por Hans Ulrich Gumbrecht (2010; 2014). Partindo do princípio de que o cinema atua como meio de experiência sensorial imanente, argumenta-se que a fotografia do filme transcende a dimensão narrativa para compor um campo de presença capaz de tornar o medo quase tangível. A escolha pelo plano-sequência contínuo intensifica a imersão sensorial, pois a ausência de cortes direciona o foco para a duração real dos acontecimentos e para a corporalidade da protagonista. O jogo de luz e sombra, associado a uma iluminação pontual (lanternas e espaços escuros), reforça a sensação de clausura e vulnerabilidade, convertendo a casa em um “corpo atmosférico” que envolve tanto personagem quanto espectador. Assim, ao privilegiar a materialidade da imagem e dos sons sobre a lógica interpretativa, A Casa exemplifica como a linguagem cinematográfica pode encarnar o horror, alinhando-se às reflexões de Gumbrecht sobre a força sensível da arte.
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Referências
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