A cinematografia de "A Casa"

presença, atmosfera e Stimmung

Autores

  • Paulo Souza dos Santos Júnior Universidade Federal Fluminense - UFF

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2025.32.1.10288

Palavras-chave:

Cinematografia, presença, cinema uruguaio, stimmung, gumbrecht

Resumo

Este artigo aprofunda a análise da fotografia em A Casa (La Casa Muda, Gustavo Hernández, 2010) ao relacionar sua estética de terror psicológico com os conceitos de presença, atmosfera e Stimmung, desenvolvidos por Hans Ulrich Gumbrecht (2010; 2014). Partindo do princípio de que o cinema atua como meio de experiência sensorial imanente, argumenta-se que a fotografia do filme transcende a dimensão narrativa para compor um campo de presença capaz de tornar o medo quase tangível. A escolha pelo plano-sequência contínuo intensifica a imersão sensorial, pois a ausência de cortes direciona o foco para a duração real dos acontecimentos e para a corporalidade da protagonista. O jogo de luz e sombra, associado a uma iluminação pontual (lanternas e espaços escuros), reforça a sensação de clausura e vulnerabilidade, convertendo a casa em um “corpo atmosférico” que envolve tanto personagem quanto espectador. Assim, ao privilegiar a materialidade da imagem e dos sons sobre a lógica interpretativa, A Casa exemplifica como a linguagem cinematográfica pode encarnar o horror, alinhando-se às reflexões de Gumbrecht sobre a força sensível da arte.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BÖHME, Gernot. Atmosphere as the Fundamental Concept of a New Aesthetics. Thesis Eleven, v. 36, n. 1, p. 113-126, 1993. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/072551369303600107. Acesso em: 28 jan. 2025.

DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente: 1300 – 1800: uma cidade sitiada. Tradução de Maria Lucia Machado. Tradução de notas de Heloísa Jahn. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Atmosfera, ambiência, Stimmung: sobre um potencial oculto da literatura. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014.

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Produção de presença: o que o sentido não consegue transmitir. Rio de Janeiro: Contraponto, PUC-Rio, 2010.

HERMOSILLA ORDENES, Estefanía. The Body of Terror: The Evil Genius in The Silent House. Aisthesis, Santiago, n. 67, p. 151-165, 2020. Disponible en <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-71812020000100151&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 15 de Janeiro de 2025.

LOVECRAFT, Howard Phillips. O Horror Sobrenatural na Literatura. Tradução de João Guilherme Linke. Rio de Janeiro: Livraria Franscisco Alves Editora S.A., 1987.

MARKS, Laura. The Skin of the Film: Intercultural Cinema, Embodiment, and the Senses. Durham: Duke University Press, 2000.

MARKS, Laura. Touch: sensous theory and multisensory media. Minneapolis/London: University of Minnesota Press, 2002.

SOBCHACK, Vivian. The Address of the Eye: A Phenomenology of Film Experience. Princeton: Princeton University Press, 1992.

TUAN, Yi-Fu. Paisagens do medo. Tradução Lívia de Oliveira. São Paulo: Editora UNESP, 2005.

Downloads

Publicado

2025-07-01

Como Citar

SOUZA DOS SANTOS JÚNIOR, Paulo. A cinematografia de "A Casa": presença, atmosfera e Stimmung. Revista Cientí­fica/FAP, Curitiba, v. 32, n. 1, p. 211–230, 2025. DOI: 10.33871/19805071.2025.32.1.10288. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/revistacientifica/article/view/10288. Acesso em: 15 jul. 2025.