A culpa é de quem? a queda da metáfora paterna vista pelo cinema
DOI:
https://doi.org/10.33871/21750769.2017.9.1.1812Resumen
O cinema e a psicanálise dialogam desde sempre: ambos trabalham com o imaginário, a fantasia e o onírico, transbordando – tanto em forma quanto em conteúdo – questões significativas que estão na ordem do dia do pensamento. Pode-se dizer ainda mais: que a chamada clínica da cultura, campo de interesse da semiótica psicanalítica, tem nas imagens fílmicas um amplo objeto de estudo. Os sintomas do mundo em que vivemos estão, por conseguinte, também na grande tela: desde o neorrealismo italiano até os mais recentes blockbusters, por exemplo, pode-se traçar uma panorâmica que assinala a queda do Nome-do-Pai, importante conceito lacaniano, o que nos serve de subsídio para pensarmos a violência, o terrorismo e a fragmentação da família em nosso tempo. Além disso, é possível igualmente vislumbrar, para além do enfraquecimento da metáfora paterna, novas configurações da Lei que se fazem em um período de intensa crise ontopolítica. Neste escopo complexo, parto de dois filmes, A Culpa dos Pais (I bambini ci guardano, Vittorio De Sica, 1944) e Preciosa (Precious, Lee Daniels, 2009), representativos do que enuncio aqui. Ambos, separados um do outro em 55 anos e colocados em extremos cronológicos – o primeiro, na Segunda Guerra; o segundo, na primeira década do século XXI – permitem reflexões sobre a permanência do mal-estar na cultura e a decadência da estrutura familiar tradicional.
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Citas
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