O brincar como expressão de liberdade: entre a dignidade e o direito da criança

Autores

  • Daiana Camargo Universidade EstadualdePonta Grossa - PR http://orcid.org/0000-0002-1931-5577
  • Cristiane Aparecida Woytichoski de Santa Clara Professora do Departamento de Pedagogia na Universidade Estadual de Ponta Grossa –UEPG
  • Marilúcia Antônia de Resende Peroza Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

DOI:

https://doi.org/10.33871/23594381.2017.15.2.1777

Resumo

O presente artigo tem por finalidade discutir o brincar numa perspectiva que supera o discurso do direito da criança, firmado em documentos nacionais e internacionais. Compreendendo a brincadeira e o jogo enquanto constituintes do ser humano e dinâmica que demarca a especificidade da infância, analisamos o brincar como um aspecto da dignidade humana e, portanto, anterior ao direito. Contudo, amparadas na produção teórico-cientí­fica da área, consideramos a criança historicamente situada e, portanto, sujeito de direitos em cuja infância, enquanto categoria social que traduz as contradições da organização social, se constitui. Propomos a liberdade e a atenção aos aspectos inerentes ao brincar – os sujeitos, os tempos e espaços, as necessidades das crianças – como mecanismos de superação de um discurso sobre a importância do brincar com vistas à garantia deste aspecto tão relevante na constituição da criança. Por fim, demarcamos a necessidade de um olhar mais significativo para o brincar em seus aspectos constituintes, considerando a criança, em suas interações sociais, como sujeito capaz de realizar experiências significativas, por meio do movimento. Para tanto, é fundamental proporcionar espaços e tempos de brincar que ultrapassem os muros da escola, oferecendo às crianças as possibilidades de interação que contribuam para a constituição da criança enquanto ser humano, com o pleno desenvolvimento de suas potencialidades.

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Biografia do Autor

Daiana Camargo, Universidade EstadualdePonta Grossa - PR

Doutoranda em Ciencias de la Educación pela Universidade Nacional de La Plata – AR (UNLP). Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG/PR). Pedagoga formada pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV), Professora do Departamento de Pedagogia na Universidade Estadual de Ponta Grossa –UEPG. Membro do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Infantil (GEPEEDI/UEPG/CNPq) e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Fí­sica Escolar e Formação de Professores (GEPEFE/UEPG/CNPq).

Cristiane Aparecida Woytichoski de Santa Clara, Professora do Departamento de Pedagogia na Universidade Estadual de Ponta Grossa –UEPG

Doutoranda e mestre em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa; Professora do Departamento de Pedagogia na Universidade Estadual de Ponta Grossa –UEPG; Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Fí­sica Escolar e Formação de Professores (GEPEFE/ UEPG) e do núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Pedagogia, Pedagogia Social e Educação Social,

Marilúcia Antônia de Resende Peroza, Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Doutora em Educação pela Pontifí­cia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e Mestre em Educação pela mesma instituição; Professora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG); Membro do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Infantil (GEPEEDI/UEPG/CNPq) e do Grupo de Pesquisa Práxis Educativa: Dimensões e Processos (PUCPR/CNPq),

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Publicado

2017-07-19