DO RISO AO ESCÁRNIO UMA ANÁLISE ANIMADA PARA AS AULAS DE FILOSOFIA
DOI:
https://doi.org/10.33871/23594381.2014.12.2.409Abstract
O presente trabalho, de caráter bibliográfico, tem como objetivo analisar os desenhos animados, Os Simpsons (Matt Groening) e South Park (Tray Parker e Matt Stone) a luz da filosofia, com ênfase para o ensino da disciplina. Durante todo o percurso histórico o riso foi considerado ora demoníaco, ora angelical, ora expressão de alegria e felicidade, ora fruto do desdém por outrem. No teatro grego a comédia tinha como pressuposto demonstrar os excessos do humano, suas vicissitudes e defeitos em contraponto com a tragédia que exaltava o humano e o processo catártico deste para uma vida contemplativa, mais alta honraria para o cidadão. Desta forma o escárnio era uma característica da comédia e das festas dionisíacas. Tomado como diabólico na idade média ressurge na renascença com vigor, a partir de François Rabelais. Os séculos XVII e XVIII exorcizam os entes do mal que o riso trouxe do medievo, ou simplesmente aceitam que o riso, mesmo diabólico, não é tão mal assim; com Moliére o poder ácido do espírito maledicente toma conta de seu tempo caricaturando personagens célebres e utilizando o escárnio como arma política e social; ganha os contornos atuais. Entretanto o poder do riso e do escárnio foi utilizado durante toda a história da filosofia, tendo Nietzsche como exemplo. A ironia socrática, mãe do riso, foi exaltada como método para obtenção de verdades, porém é com Nietzsche, a exaltação do Dionisíaco sobre o Apolíneo, que a derrisão ganha à pertença humana o reino dos instintos, um retorno aos defeitos e vicissitudes da vida e do viver. Delineados estes caminhos, analisar-se-á os respectivos desenhos animados como ferramentas reflexivas para o ensino de filosofia, visto que o humor corrosivo de ambos colocam em xeque valores sociais, culturais, políticos e religiosos, a partir de críticas mordazes sobre o cotidiano e o politicamente correto, contextualizando o ensino da filosofia a partir da trivialidade dos acontecimentos mundanos.