Alejo Carpentier e o barroco americano
DOI:
https://doi.org/10.33871/23594381.2023.21.2.7594Resumo
O escritor cubano Alejo Carpentier conseguiu, a partir de uma prática escriturária emancipatória em relação aos escritos tradicionalmente aceitos, estabelecer uma releitura da práxis americana de narrar. Esforçando-se para reinserir o insólito como evento movimentador de narrativas, debruçou-se nos acontecimentos relatados pela vivência americana, tendo como conceito operatório o real maravilhoso, termo chave na invocação de uma América barroca, um barroco espacial e telúrico, a-histórico e plural. Polígrafo, e habitante esporádico da Ilha cubana, Alejo Carpentier retoma a América Latina como um local barroquizado, de uma latência sempre apta a reafirmar os discursos da abundância que fizeram muitas vezes o continente americano ser visto como exótico e bárbaro pelo olhar europeu. Este artigo busca salientar a práxis literária de Carpentier, informando vivência artística, sobretudo a literária, a partir dos conceitos que desenvolveu para se reler a América. Sua literatura, portanto, sob o signo do real maravilhoso é um projeto barroco de leitura da maravilha americana, cuja razão de ser essencial difere dos movimentos vanguardistas que o cooptaram, mas por outro lado o fizeram, juntamente com o periodismo que marcou toda sua carreira, buscar a vertente venal barroca como expressão de uma América Latina cósmica. Procuramos tecer o principal viés de Alejo Carpentier, o barroco-maravilhoso, enfocando suas opções políticas, artísticas e literárias como procedimentos multifários de um homem ensejado por um barroco plural, telúrico, próprio.