Biopolítica e violência simbólica: uma análise sobre o ensino profissionalizante no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.33871/23594381.2021.19.3.304-314Resumo
Este trabalho objetiva apresentar uma reflexão crítica sobre as dimensões da subjetivação e sujeição da violência do Estado a partir das relações de poder presentes nas sociedades modernas, tendo como foco a educação profissionalizante no Brasil. A partir da compreensão das transformações na sociedade brasileira e o impacto da institucionalização dos processos de reprodução social, bem como suas relações com a globalização e o atual sistema de produção capitalista, observa-se diversas contradições presentes no ensino profissionalizante que favorecem a perpetuação do discurso hegemônico legitimado pela violência simbólica. Através de um levantamento teórico-bibliográfico, realizou-se uma revisão sistemática tendo como base os trabalhos de pesquisadores como Bourdieu (1983 e 1992), Foucault (1979, 1997 e 2008) e Frigotto (2007, 2008 e 2011). Os levantamentos aqui apresentados destacam o vínculo histórico entre a educação e o trabalho e suas relações com o capitalismo, além de apontar as táticas de governabilidade utilizadas pelo Estado para perpetuar-se no poder. Conclui-se que fundamentar as diretrizes educacionais nos princípios mercantilistas reduz a educação à mera noção de empregabilidade, contribuindo para o distanciamento entre os dominantes e dominados, reproduzindo as desigualdades presentes na sociedade capitalista.
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