(Des)encontros entre a Educação Popular e a Pedagogia social
DOI:
https://doi.org/10.33871/23594381.2017.15.2.1779Resumo
O texto relaciona duas importantes concepções teóricas no contexto brasileiro, a Educação Popular e a Pedagogia Social. A primeira concepção é concebida como manifestação que se constitui a partir da expressão das desigualdades sociais, cujo conceito apresenta uma dimensão política e pedagógica que sustenta o projeto de sociedade que defende; a segunda é reconhecida como uma disciplina pedagógica, gestada no âmbito da universidade, sendo identificada como uma área das Ciências da Educação. Relaciona um conjunto de saberes teóricos, técnicos e experienciais os quais são aplicados à Educação Social. Consideramos que ambas as concepções são referentes substantivos que inspiram o fazer educativo e pedagógico das práticas no campo social. Este identificado como um campo pedagógico específico para além dos espaços reconhecidos formalmente no campo da educação. O texto propõe um diálogo a partir de memórias das experiências de trabalho das próprias autoras e dos referentes teórico-metodológicos acima descritos. Explicita como categorias de análise compreensões acerca do ser e estar Educadora e Educador Social e Educadora e Educador Popular e localiza a dimensão profissional e militante que envolvem este tema. Freire, Caride, Caliman, Streck e Fichtner são referenciais importantes na tessitura dos diálogos aqui propostos. O argumento que defendemos é o de que a Educação Popular e a Pedagogia Social não são concepções teórico-metodológicas que possuem definições lineares, únicas e neutras. Ambas estão inscritas e produzidas em um contexto político, cultural e social multifacetado, mas que contribuem sobremaneira às práticas pedagógicas desenvolvidas no âmbito da educação no campo social.
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Referências
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