O MÚLTIPLO ORIGINAL
A reprodutibilidade como ponto de convergência entre gravura e criptoarte
DOI:
https://doi.org/10.33871/sensorium.2024.11.9642Resumo
Este artigo pretende evidenciar aproximações entre a gravura e a chamada criptoarte, sobretudo quanto à reprodutibilidade como conceito que permeia sua produção e seus desdobramentos sobre questões de legitimidade e originalidade da arte. Primeiro, contextualiza o problema da reprodutibilidade no âmbito da arte digital, que ultrapassa as discussões acerca da aura e autenticidade baseadas em Walter Benjamin (2008). A partir disso, o artigo introduz os tokens não fungíveis (NFTs), sobre os quais se fundamenta o conceito de criptoarte (QUARANTA, 2022), como resposta à reprodutibilidade desenfreada do digital, uma solução contemporânea para a certificação de obras, com seus impactos socioeconômicos e artísticos. Em seguida, adota-se a gravura como modelo histórico, com ênfase sobre seus aspectos fundamentais como mecanismos que certificam a autenticidade da obra reprodutível. A análise comparativa entre criptoarte e gravura encontra paralelos entre ambas as modalidades que, contudo, indicam que os conceitos de reprodutibilidade técnica e de aura como propostos por Benjamin não se ajustam plenamente às circunstâncias da criptoarte ou da arte digital de modo mais amplo. Nesse sentido, sugere-se a sua atualização orientada pelo conceito de reprodutibilidade digital de Douglas Davis (1995) e as considerações sobre o caráter alográfico e performativo da arte digital, segundo Boris Groys (2008), para uma compreensão mais abrangente das dinâmicas da arte no contexto digital.
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