FORMA OBJETIVA

HISTÓRIA RESUMIDA DE UMA LUTA CRÍTICA

Autores

  • Luiz Renato Martins Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.33871/sensorium.2024.11.9547

Resumo

Nos debates sobre a modernização periférica tardia, Roberto Schwarz estabeleceu a forma objetiva (1991) como constructo que fornece os elos rítmicos e invisíveis entre o domínio sócio-histórico e o estético. Ela consiste, segundo Schwarz, numa forma que compreende "uma substância prático-histórica" (1991), ou, como diria depois, que atua como o "nervo social da forma de arte" (1997). Ao conectar a experiência social preexistente e a forma esteticamente construída, a forma objetiva vale como um contrato social, legitimando a forma estética. Encomendado social e historicamente por um sujeito coletivo e impessoal, tal constructo distingue-se do ecletismo pós-moderno desconectado do processo histórico. A forma objetiva oferece inteligibilidade crítica ante a matéria histórico-social apenas se, e quando, tomada como forma intrínseca à esfera estética; vale dizer, noutros termos, que o problema da condensação estética dos ritmos sociais repõe-se concreta e incessantemente – na produção e recepção – sempre que necessário retraçar os elos recíprocos entre as formas artísticas e as sócio-históricas. Desse modo, o exercício da intuição estética e da reflexão crítica, em interação com os materiais artísticos, é crucial à objetivação e à explicitação da síntese com a matéria sócio-histórica – do contrário, inapreensível nas conexões intrínsecas da percepção e da reflexão com a objetividade e a dinâmica históricas. Há coisas, em suma, que apenas na arte emergem e a tornam ferramenta indispensável à reflexão histórica dialética. Nesse sentido, este trabalho busca revisitar certas respostas críticas que a arte e a arquitetura brasileiras (Antonio Dias, Amilcar de Castro e Mendes da Rocha) deram ao golpe civil-militar de 1964 e à modernização tardia acelerada a seguir. E, por fim, reexamina também a instalação contemporânea Roda Gigante (2019, Carmela Gross) – um constructo arquitetônico negativo que totalizou o trágico momento brasileiro, sob domínio da ultradireita, com rara clareza e pungência épica.

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Publicado

2024-10-22

Edição

Seção

Dossiê: Artes Visuais, imaginários de esquerda e capitalismo na América Latina