SILÊNCIO E SOLIDÃO NA PINTURA DE LEONOR BOTTERI
DOI:
https://doi.org/10.33871/sensorium.2024.11.9264Palavras-chave:
Arte Brasileira, Pintura Paranaense, Pintura Metafísica, Leonor BotteriResumo
Ao nos aproximarmos de pintura de Leonor Botteri, entramos em um mundo que não se revela de imediato, um mundo que nos solicita e nos perturba. É uma linguagem que emerge do silêncio, ascética, imagens que falam da espera, do presságio. Esse ensaio busca o mistério gestado no imbricamento entre concentração e dispersão, uma obra nunca concluída, entreaberta, instalada no limiar do ser, revelando verdades mais profundas, tecida da intimidade, metafísica. Suas naturezas-mortas são silenciosas, não há gritos, mas sussurros, sons articulados e inarticulados. Os autorretratos São uma conversa com a intimidade, um gênero bastante apropriado a uma alma recatada, que não se sente à vontade na ação. Botteri descreve os olhos que perderam o desejo de olhar. Há qualquer coisa de abandono, lassidão, de cansaço ou fastio nos olhos dos personagens da artista. Aproxima-se de De Chirico. Em ambos, as figuras são feitas de silêncio, solidão, isolamento, abandono, sombras da existência. Inumanas, estranhas, quase manequins, abandonadas em atmosferas desertas propícias a enigmas. Ou ao desolamento das nostálgicas figuras de Hopper. Na indiferença pintada por Leonor Botteri, não se fica indiferente.
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- 2025-05-29 (2)
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