De spectator a espectador: repensando a interface entre a emancipação nas artes e na educação
DOI:
https://doi.org/10.33871/23580437.2020.7.1.28-43Palavras-chave:
espectador, emancipação, partilha do sensível, aluno, filosofia da educaçãoResumo
Este artigo busca repensar a interface entre a emancipação nas artes e na educação a partir da análise do conceito de espectador. Revisita a origem latina de spectator, mostrando as diferenças frente ao theorós grego. Promove, assim, uma espécie de genealogia do conceito na tentativa de repensar o estatuto de passividade frente ao agir e ao conhecer. Para isso, apoia–se na análise que Jacques Rancière faz em O espectador emancipado sobre os modelos de eficácia da arte, traçando paralelos entre aquilo que o filósofo define como mediações pedagógicas nas artes para pensar sua interface com o universo da educação, redefinindo, também, um certo lugar para a filosofia da educação. Tais razões ganham consistência no seio das partilhas do sensível que delimitam uma certa relação de oposição entre o olhar e o conhecer, o olhar e o agir, partilhas que incidem também, por consequência, no modo de ser aluno. Pensar a emancipação em sintonia com o universo estético e, também, da filosofia política, no sentido de uma emancipação intelectual, permitem, assim, propor junto com Rancière um paralelismo entre o espectador emancipado e o aluno emancipado. Não mais nos termos de lugares de passividade e que, para tanto, necessitariam ser reformados. A reforma do teatro via espectador ou a reforma de escola via aluno são faces de um mesmo dispositivo de poder, de uma mesma partilha do sensível. Repensar a interface entre a emancipação nos contextos das artes e da educação pode nos permitir um novo olhar sobre estas figuras, tradicionalmente encerradas em utopias políticas que as viam apenas como dispositivos em potência, jamais em ato, ensejando uma nova forma de compreendermos o lugar da educação como questão filosófico–política e estética.Downloads
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