AYAHUASCA E O INEFÁVEL
NEUROCIÊNCIA, ARTE VISIONÁRIA, INCONSCIENTE E ESPIRITUALIDADE AMERÍNDIA
DOI:
https://doi.org/10.33871/sensorium.2025.12.10422Resumo
A experiência com a ayahuasca e estados não ordinários de consciência envolve visões simbólicas, acesso ao inconsciente e uma percepção alterada da realidade. Sua natureza metafísica desafia as categorias convencionais de linguagem e representação, sendo frequentemente descrita como inefável. Embora a arte, em qualquer contexto, possua um grau de inefabilidade, a arte visionária que busca expressar essas vivências enfrenta desafios ainda maiores, pois tenta traduzir conteúdos dinâmicos e subjetivos que escapam às estruturas simbólicas tradicionais. Participantes de rituais com ayahuasca relatam visões de geometrias sagradas, unidade cósmica, amor incondicional e encontros com entidades divinas ou aspectos sombrios da psiquê. Nenhuma dessas percepções pode ser representada fielmente devido a limitações cognitivas, conceituais e técnicas. Artistas importantes como Pablo Amaringo e Alex Grey tentaram captar os aspectos pictóricos dessas experiências, desenvolvendo uma linguagem visual que dialoga com os mistérios do inconsciente e do divino. A psiquiatra Nise da Silveira, em paralelo, demonstrou como a arte pode servir como ferramenta terapêutica para acessar conteúdos profundos da psiquê, algo que ressoa no pensamento junguiano e no trabalho de pesquisadores como Stanislav Grof e Terence McKenna. A relação entre arte visionária, inconsciente e contracultura sugere que essas representações funcionam como pontes entre a subjetividade humana e estados ampliados de consciência. Tecnologias emergentes, como realidade virtual e inteligência artificial, são abordadas como possíveis meios para aprofundar a compreensão dessas experiências e difundir seu acesso à população, embora também enfrentem limitações na captação de sua complexidade e esplendor. Apesar dos esforços contínuos de grandes artistas e cientistas da contemporaneidade, a experiência com a ayahuasca continua a desafiar os limites da linguagem e da cognição humana, consolidando-se como uma biotecnologia ancestral ameríndia de grande relevância médica, espiritual, estética e filosófica.
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