MEMORIAL DE PIÉRRE RIVIÈRÈ
CINEMA, FILOSOFIA E HISTÓRIA, UMA RELAÇÃO ESTÉTICA–ÉTICA
DOI:
https://doi.org/10.33871/19805071.2022.26.1.6897Palavras-chave:
Estética–Ética, Cinema e História, Cinema e Memória, Cinema, Verdade CínicaResumo
O texto é a sistematização de comunicações apresentadas no painel “Memorial de Pierre Rivière: Cinema, Filosofia e História, uma relação Estética–Ética”, no 13º Congresso Internacional de Estética – Os fins da Arte. Parte das pesquisas do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Artes (GIPA – Unespar) e dos estudos realizados com o médico mestrando René dos S. Neto. A proposta situa-se no campo de reflexão Estética e Ética, com base nas relações entre Cinema, História e Filosofia. O objeto da pesquisa foi o Memorial de Pierre Rivière, narrado pelo personagem no filme Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão, dirigido por René Allio (1976). Os temas Memória, Verdade, Loucura, Cinismo e a Obra Fílmica foram abordados pensando cinema, enquanto arte, como reinvenção da memória, mas também como possibilidade de reflexão filosófica, com Foucault, e histórica, com as concepções de Cinema História, de Ferro, e de História como Visão, de Robert Rosenstone. Quando o espectador entra em contato com as imagens do filme, há um desvendar de imagens arquivadas na memória, e, por vezes, tais imagens e memórias provocam reflexões éticas. Na obra fílmica do diretor Allio há elementos que desnudam o cinismo do filme como escândalo de verdade parresiástica, as relações saber–poder e a loucura. Na perspectiva da História, a memória é uma espécie de trabalho de objetivação, mediado pela interseção de histórias pessoais, coletivas e sociais.
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REFERÊNCIA FÍLMICA
EU, PIERRE RIVIÈRE, QUE DEGOLEI MINHA MÃE, MINHA IRMÃ E MEU IRMÃO (Moi, Pierre Rivière, ayant Égorgé ma Mère, ma Soeur et mon Frère – França 1976). Direção: René Allio. Elenco: Claude Hébert, Jacqueline Millière, Joseph Leportier, Annick Géhan e Nicole Géhan. Duração: 105 minutos. Distribuição: Versátil.
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