A ANATOMIA NA SINTAXE
DOI:
https://doi.org/10.33871/19805071.2021.24.1.4278Resumo
A obra dramatúrgica de Novarina é construída a partir da ideia de que a palavra deve romper com a comunicação cotidiana e se ligar à corporificação do vocábulo. Uma etapa da pesquisa de doutorado que desenvolvemos na Universidade de São Paulo faz referência à ideia de oralidade construída por Paul Zumthor em relação às noções corporais e fisiológicas apresentadas na obra escrita de Novarina. Nos seus estudos, Paul Zumthor analisa a poesia oral. Ele nota que há uma tendência, uma predisposição a perceber o corpo e a oralidade das palavras sobre o papel. Esta percepção se dá também no ato da leitura "há uma presença invisível, que é a manifestação de um outro, muito forte" (ZUMTHOR, 2007, p. 68). Ou seja, o ato performático intrínseco à presença e ao acontecimento também subsiste no texto escrito, pois reverbera uma necessidade de encontro, revela uma voz e uma escuta; além disso, revela uma anterioridade da palavra no corpo de quem a escreve. Ele defende o poder performativo da fala: "Toda literatura não é fundamentalmente teatro?" (ZUMTHOR, 2007, p. 21). Assim, ele enfatiza que o texto escrito exige uma corporeidade da voz, da oralidade. Para Novarina, "falar é uma experiência fundamental do corpo e uma viagem pela matéria. A sintaxe entra da anatomia" (NOVARINA, 2006, p. 106). Assim, podemos concluir que as palavras em sua obra podem ser vistas muito mais relacionadas à ideia de "falar" do que à ideia de termo. A construção de seus textos envolve, em primeiro lugar, a desarticulação do sentido rígido das palavras, tendo uma associação direta com o aspecto corporal e fisiológico da oralidade.Downloads
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