Cinema Indígena: a epistemologia da Terra
DOI:
https://doi.org/10.33871/19805071.2025.33.2.10782Palavras-chave:
cinema ameríndio, Estética Decolonial, Análise FílmicaResumo
Este artigo aborda o cinema indígena como uma manifestação da epistemologia indígena, um sistema de conhecimento vivo e profundamente conectado à Terra. Compreendido como uma "máquina de sonhar", o cinema indígena transcende a produção audiovisual industrial, emergindo como um dispositivo ancestral de reencantamento do mundo. Enraizado na memória, espiritualidade e coletividade, ele reconecta os seres viventes — humanos, não humanos, natureza, animais e encantados — e reconfigura as formas de narrar, ver e existir. Através da produção comunitária, o cinema indígena reativa epistemologias, restitui como uma resistência que é sonho, tempo, memória e oralidade. Para os povos indígenas, o cinema e a epistemologia atuam como um espaço dsensível que ecoa narrativas ancestrais e contemporâneas.
Downloads
Referências
ALVARES, A. Da aldeia ao cinema: o encontro da imagem com a história. [Trabalho de Conclusão de Curso (Formação Intercultural para Educadores Indígenas)] — Universidade Federal de Minas Gerais, 2018.
ANZALDÚA, G. Borderlands / La Frontera (1a). Capitán Swing, 2016. Disponível em: https://enriquedussel.com/txt/Textos_200_Obras/Giro_descolonizador/Frontera-Gloria_Anzaldua.pdf. Acesso em: 15 abr. 2025.
ARÉVALO, L. P. Epistemología e investigación indígena desde lo propio. Revista Guatemalteca de Educación, p. 195–227, 2010.
BANIWA, G. De Gersem Baniwa para as pessoas que sonham um outro Brasil. In: Cartas para o Bem Viver. p. 25–36, 2008.
BENITES, Eliel. Busca do Teko Araguyje (jeito sagrado de ser) nas retomadas territoriais Guarani e Kaiowá. 2021. Tese (Doutorado em Geografia) — Universidade Federal da Grande Dourados.
BRASIL, A. Yvy Pyte, o brilho contra as fronteiras. In: Catálogo Forumdoc.bh.2023 (27o), 2023.
CUSICANQUI, Silvia. Ch’xinakak utxiwa: uma reflexão sobre práticas e discursos descolonizadores (1a). Tinta Limón Ediciones, 2010.
CONVERSAS n.1 (2020). Direção de Michele Guarani,Sophia Pinheiro, Graciela Guarani e Patrícia Guarani. 1 vídeo (44 minutos). Disponível em: <https://ims.com.br/convida/michele-kaiowa-graciela-guarani-patricia-ferreira-para-yxapy-sophia-pinheiro/. Acesso em: 21 de janeiro de 2025.
DELEUZE, G. O que é um dispositivo? In: ____. Dois Regimes de Loucos: textos e entrevistas (1975–1995). São Paulo: Editora 34, 2016.
ELLIS, J.; McLANE, B. A new history of documentary film (2nd ed.). A&C Black, 2005.
FERRAZ, R. Criação fílmica partilhada entre uma personagem que realiza e uma realizadora que atua: o processo de construção de Rua dos anjos. 2018. Tese (Doutorado) — Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.
FIXICO, D. The American Indian Mind in a Linear World: American Indian Studies and Traditional Knowledge (1st ed.). Routledge, 2013.
KANAYKÕ, E. A cosmologia da imagem. In: DUARTE, D. R.; ROMERO, R.; TORRES, J. (Orgs.). Cosmologias da imagem: cinemas de realização indígena (1a ed.). MG: Filmes de Quintal, 2021. p. 41–58.
KOPENAWA, D.; ALBERT, B. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami (1a ed.). São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
KRENAK, A. Antes, o mundo não existia. In: Tempo e história. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo (1a ed.). São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
MAKUXI, J. E. Na sociedade indígena, todos são artistas. Arte & Ensaios, n. 41, v. 27, p. 14–48, 2021.
MARTINS, L. Maria. Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2021.
MUNDURUKU, D. Educação indígena: do corpo, da mente e do espírito. Múltiplas Leituras, v. 2, n. 1–2, p. 21–29, 2009.
MUNDURUKU, D. Escrita indígena: registro, oralidade e literatura: O reencontro da memória. In: Literatura indígena brasileira contemporânea: criação, crítica e recepção. São Paulo: Editora Fi, 2018.
NEGO BISPO, A. A terra dá, a terra quer (1a ed.). São Paulo: Ubu Editora, 2023.
OONI (2021). Direção de Lilly Baniwa. 1 vídeo (7 minutos). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NBhEMuu2Kjo . Acesso em: 3 de fevereiro de 2025.
PINHEIRO, S. F. Fazer filmes e fazer-se no cinema indígena de mulheres indígenas com Patrícia Ferreira Pará Yxapy. Teoria e Cultura, Vol. 3, 2020.
RANCIÈRE, J. A partilha do sensível: Estética e Política (Trad. Mônica Costa Netto, Ed. 34th ed.). São Paulo: EXO experimental org., 2005.
SMITH, L. T.; LINCOLN, N.; DENZIN, N. (Eds.). Handbook of critical and indigenous methodologies (1a ed.). SAGE Publications, Inc., 2008.
TEMPO circular (2019). Direção de Graciela Guarani e Alexandre Pankarau. 1 vídeo (20 minutos). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=II3KxQZ4wwQ. Acesso em: 14 de abril de 2025.
TERENA, Naine. Lentes ativistas e a arte indígena. Revista Zum, v. 3, 2020.
WALSH McDONALD, C. E. ¿Qué conocimiento(s)? Reflexiones sobre las políticas del conocimiento, el campo académico y el movimiento indígena ecuatoriano. Revista Del Centro Andino de Estudios Internacionales, n. 2, 2001.
XAKRIABÁ, C. O barro, o genipapo e o giz no fazer epistemológico de autoria Xakriabá: reativação da memória por uma educação territorializada. 2018. Dissertação (Mestrado) — Universidade de Brasília.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores detém os direitos autorais, ao licenciar sua produção na RevistaCientífica/FAP, que está licenciada sob uma licença Creative Commons. Ao enviar o artigo, e mediante o aceite, o autor cede seus direitos autorais para a publicação na referida revista.
Os leitores podem transferir, imprimir e utilizar os artigos publicados na revista, desde que haja sempre menção explícita ao(s) autor (es) e à Revista Científica/FAP não sendo permitida qualquer alteração no trabalho original. Ao submeter um artigo à Revista Científica/FAP e após seu aceite para publicação os autores permitem, sem remuneração, passar os seguintes direitos à Revista: os direitos de primeira edição e a autorização para que a equipe editorial repasse, conforme seu julgamento, esse artigo e seus metadados aos serviços de indexação e referência.