Cinema Indígena: a epistemologia da Terra

Autores

  • Izabelle Louise Monteiro Penha

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2025.33.2.10782

Palavras-chave:

cinema ameríndio, Estética Decolonial, Análise Fílmica

Resumo

Este artigo aborda o cinema indígena como uma manifestação da epistemologia indígena, um sistema de conhecimento vivo e profundamente conectado à Terra. Compreendido como uma "máquina de sonhar", o cinema indígena transcende a produção audiovisual industrial, emergindo como um dispositivo ancestral de reencantamento do mundo. Enraizado na memória, espiritualidade e coletividade, ele reconecta os seres viventes — humanos, não humanos, natureza, animais e encantados — e reconfigura as formas de narrar, ver e existir. Através da produção comunitária, o cinema indígena reativa epistemologias, restitui como uma resistência que é sonho, tempo, memória e oralidade. Para os povos indígenas, o cinema e a epistemologia atuam como um espaço dsensível que ecoa narrativas ancestrais e contemporâneas.

 

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Publicado

2025-12-17

Como Citar

PENHA, Izabelle Louise Monteiro. Cinema Indígena: a epistemologia da Terra. Revista Cientí­fica/FAP, Curitiba, v. 33, n. 2, p. 328–345, 2025. DOI: 10.33871/19805071.2025.33.2.10782. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/revistacientifica/article/view/10782. Acesso em: 18 dez. 2025.