Entre a arma biológica e o “mosquito estadual”: cooperação Brasil-Cuba e as epidemias de dengue (1981-1988)
DOI:
https://doi.org/10.33871/nupem.2021.13.29.72-92Palavras-chave:
Dengue, Brasil, Cuba, Aedes aegyptiResumo
O presente trabalho pretende abordar a reinfestação do Aedes aegypti e a (re)emergência de arboviroses urbanas, analisando a história do retorno e permanência do mosquito Aedes aegypti, a partir do início da década de 1980. Como marco inicial, estabelecemos a epidemia de dengue de 1981 em Cuba, que colocou a dengue hemorrágica como centro de uma controvérsia política sobre seu possível uso como arma biológica pelos EUA. A epidemia de dengue no Brasil produziu conflitos político-sanitários entre as esferas estadual e federal pautadas pelo ritmo do alastramento da dengue. As tensões causadas por ambos os processos aproximaram sanitaristas cubanos e brasileiros que buscaram fazer um balanço e encontrar soluções para as novas epidemias de dengue em reuniões e congressos científicos que reuniram pesquisadores, sanitaristas e médicos latinoamericanos como o Simpósio Internacional Sobre Febre Amarela e Dengue realizado no Rio de Janeiro em 1988.
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