A construção da esquistossomose como um problema de saúde pública em dois períodos na história das ciências da saúde no Brasil (1910-1950)
DOI:
https://doi.org/10.33871/nupem.2021.13.29.111-132Palavras-chave:
Esquistossomose, Pirajá da Silva, Desenvolvimentismo, ParasitologiaResumo
O artigo analisa dois momentos que marcam a construção da esquistossomose como um problema de saúde pública no Brasil. No primeiro, na década de 1910, abordam-se as controvérsias em torno das definições da doença que envolve o médico baiano Pirajá da Silva, personagem de uma disputa com círculos internacionais da produção médico-científica. No segundo, reflete-se sobre as mobilizações na década de 1950, em que ela entra na agenda das doenças de massa do projeto político desenvolvimentista. O argumento central é que, diante de um campo instável que marca a parasitologia e o enquadramento da doença, diversos atores são arrolados em jogos de legitimação que atuam na definição da esquistossomose como problema de saúde pública. As fontes para o trabalho são livros e compêndios de parasitologia, artigos, anais de simpósios e congressos, estudos diversos sobre a esquistossomose dos períodos, legislações e projetos oficiais sobre a doença.
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