Timbres: a poética do som

A sarabanda de Handel em Barry Lyndon

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/19805071.2022.27.2.6927

Palavras-chave:

Cinema, Música, Trilha

Resumo

O filme Barry Lyndon de Stanley Kubrick (1975), tornou-se mais uma das obras de referências do cinema. A trilha é impecável, com obras que vão do barroco ao romantismo, além de músicas tradicionais dos países envolvidos na Guerra dos 7 Anos. De Handel a Vivaldi, de Schubert a Rossini e das tradicionais e oficiais músicas irlandesas, como Women of Ireland e prussiana como Lilliburlero, Pfifes and Drums - o que pode ser ouvido no filme de Kubrick é uma polifonia de timbres. A Sarabanda, provavelmente composta entre 1703 e 1706, de Georg Friedrich Handel é um caso particularmente muito atrativo, pois além de funcionar como uma espécie de leitmotiv de momentos do protagonista, utiliza timbres diferentes em todas as suas entradas. A sarabanda ainda tem um recurso técnico importante que, que sugere ao espectador momentos de tensão, apreensão e continuidade: a anacruse. Esse recurso é normalmente utilizado em música e, como trilha, torna-se um fator imprescindível para a tensão antes dos dois duelos.

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Biografia do Autor

Mauricio Monteiro, Universidade Federal da Paraíba/Departamento de Música/Pós-doutoramento

Mauricio Monteiro é Mestre e doutor pela Universidade e São Paulo. Autor dos livros “A Construção do Gosto” (2008) e “Música e vida cotidiana em Minas Gerais” (2018), além de vários artigos sobre musicologia, música e audiovisual. Tem dois outrros livros no prelo: “Timbres, o corpo do som – Trajetória e Simbologia dos instrumentos Musicais” e “João de Souza Lima: um brasileiro em Paris”. Tem mais dois outros em preparação: “A música como linguagem no audiovisual” e “As engenhosas moralidades: o tonalismo e a colonização da América Latina”. Vencedor do Prêmio APCA de 2008, coparticipante com texto sobre a música no tempo de D. João VI, curador de música (espetáculos e CD) do livro “FESTA: Cultura e Sociabilidade na América Portuguesa”, vencedor do Prêmio Jabuti de 2002. Registrado com DRT como Diretor Musical e Discotecário Programador (nº 244831 SP), conforme processo DRT/SP nº 46219002842/0483). Professor há 30 anos, tendo ministrado aulas para o ensino médio, universitário e pós-graduação lato e strictu senso. Foi professor convidado da PUC/SP e da UNICAMP. Na Universidade Anhembi Morumbi lecionou por 16 anos para os cursos de graduação em Cinema, Rádio, Televisão e Internet, Publicidade e Propaganda e Música Eletrônica. Para cinema, lecionou Trilha Sonora; para RTVI, Linguagem Sonora e Métodos de Pesquisa em Comunicação (Foi coordenador por 10 anos dos processos de TCC e autor do Manual de Redação de Projetos e Elaboração de TCC); para publicidade e Propaganda, lecionou Produção Sonora em Rádio e, para o curso de Música Eletrônica, lecionou Teoria Musical, Teorias de Composição Musical e Trilha Sonora. Foi membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta (RTV Cultura). Foi diretor musical, coordenador, produtor, comentarista e programador da Rádio Cultura FM de São Paulo e apresentador na TV Cultura. Atuou também como colaborador da Folha de São Paulo. Foi também consultor de música para publicidade, avaliando trilhas sonoras em busca de plágio e fraude (África e Mission Music). Foi autor de trilha sonora para exposições de artes plásticas (CCBB, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília). Autor de várias séries radiofônicas a destacar temáticas diversas. Ministra cursos sobre música e cinema e sobre música no Brasil.

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Publicado

2022-12-16

Como Citar

MONTEIRO, M. Timbres: a poética do som: A sarabanda de Handel em Barry Lyndon. Revista Cientí­fica/FAP, Curitiba, v. 27, n. 2, p. 304–327, 2022. DOI: 10.33871/19805071.2022.27.2.6927. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/index.php/revistacientifica/article/view/6927. Acesso em: 29 mar. 2024.