“Eles pensam que vêm estudar o Daime. De fato, vêm conhecer a si mesmos”: sobre inteligibilidades antropológicas, perspectivismos e pós-modernismos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/nupem.2022.14.32.184-219

Palavras-chave:

Inteligibilidades antropológicas, Perspectivismos, Pós-modernismos, Antropologia das religiões do Daime

Resumo

Este manuscrito aborda eventos relevantes tanto do ponto de vista acadêmico quanto etnográfico. Um evento, foi ter ouvido do líder do Santo Daime, Sebastião Mota de Melo, uma frase que memorizei como “Eles pensam que vêm estudar o Daime. De fato, vêm conhecer a si mesmos”. Um outro evento sintético e norteador da discussão é uma passagem de minha pesquisa de campo em que me vi diante de acontecimento extraordinário. Os dois eventos se articulam para pensar o ofício da etnografia, assim como inteligibilidades antropológicas, perspectivismos e pós-modernismos. Abordo e rememoro a articulação do pensamento de autores motivada por um convite para participar de encontro na Universidade Federal do Acre. A intenção é levantar questões que instabilizam certezas e convencionalismos da formação de pesquisadores(as) em antropologia, e seus desdobra-mentos para a formulação de textos etnográficos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALVERGA, Alex Polari de. Em memória do Dr. Domingos Bernardo. Facebook. 18 ago. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3NQ1VEv. Acesso em: 05 abr. 2022.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antropólogo. São Paulo; Brasília: Unesp; Paralelo 15, 1998.

CLIFFORD, James. Sobre a autoridade etnográfica. In: GONÇALVES, José Reginaldo Santos (Org.). A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2002, p. 17-58.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia v. 1. São Paulo: Editora 34, 1995.

FAVRET-SAADA, Jeanne. Ser afetado. Cadernos de Campo, n. 13, p. 155-161, 2005.

FRAZER, James George. O ramo de ouro. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1982.

GEERTZ, Clifford. Um jogo absorvente: notas sobre a briga de galos balinesa. In: GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1978, p. 278-321.

GIBSON, James. The ecological approach to visual perception. Boston: Houghton Mifflin, 1979.

GOLDMAN, Marcio. Jeanne Favret-Saada, os afetos, a etnografia. Cadernos de Campo, n. 13, p. 149-153, 2005.

GOLDMAN, Marcio. Alteridade e experiência: antropologia e teoria etnográfica. Etnográfica, v. 10, n. 1, p. 161-176, 2006a.

GOLDMAN, Márcio. Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos: etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia. Revista de Antropologia, v. 46, n. 2, p. 445-476, 2006b.

GOLDMAN, Marcio. Como funciona a democracia: uma teoria etnográfica da política. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006c.

GOLDMAN, Márcio. Os tambores do antropólogo: antropologia pós-social e etnografia. PontoUrbe, v. 3, p. 1-11, 2008.

GROISMAN, Alberto. Eu venho da floresta: ecletismo e práxis xamânica daimista no céu do Mapiá. 282f. Mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, 1991.

INGOLD, Timothy. Da transmissão de representações à educação da atenção. Educação, v. 33, n. 1, p. 6-25, jan./abr. 2010.

LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994.

NIETZSCHE, Friedrich. A vontade de poder. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.

PANTOJA, Mariana Ciavatta. Os Milton: cem anos de história nos seringais. Rio Branco: EDUFAC, 2008.

POLANYI, Michael. The stability of scientific theories against experience. In: MARWICK, Max (Ed.) Witchcraft & sorcery. Middlesex: Penguin, 1975, p. 332-341.

RICOEUR, Paul. Interpretação e ideologias. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1977.

SEEGER, Anthony. Os índios e nós: estudos sobre sociedades tribais brasileiras. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1980.

SEGATO, Rita Laura. Um paradoxo do relativismo: o discurso racional da antropologia frente ao sagrado. Religião e Sociedade, v. 16, n. 1-2, p. 114-135, 1992.

STOCKING, George. Franz Boas: a formação da Antropologia americana. Rio de Janeiro: Contraponto, 2004.

STRATHERN, Marilyn. Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia. São Paulo: Terceiro Nome, 2013.

SZTUTMAN, Renato. Encontros: Eduardo Viveiros de Castro. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2007.

VARGAS, Eduardo. Antes tarde do que nunca: Gabriel Tarde e a emergência das Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria, 2000.

VARGAS, Eduardo Viana et al. O debate entre Tarde e Durkheim. Teoria e Sociedade, v. 22, p. 28-61, 2014.

VERDE, Filipe. Tambores de mortos? Sobre um estudo etnográfico da democracia em Ilhéus, a antropologia feita em casa e a falácia do apelo à crença. Anuário Antropológico, v. 35, n. 1, p. 265-277, 2010.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana, v. 2, n. 2, p. 115-144, 1996.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O nativo relativo. Mana, v. 8, n. 1, p. 113-148, 2002.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Transformação na Antropologia, transformação da Antropologia. Mana, v. 18, n. 1, p. 151-171, 2012.

WIKIPÉDIA. Dodecafonismo. Wikipédia. 2022. Disponível em: https://bit.ly/3uPTeBq. Acesso em: 05 abr. 2022.

Hinos do Santo Daime citados

MELO, Rita Gregório de. Hino n. 25: Eu vivo na floresta. Lua branca. [s.I.]. Disponível em: https://bit.ly/3jYeGiH. Acesso em: 21 abr. 2022.

MELO, Sebastião Mota de. Hino n. 144: São João da Terra. O justiceiro. [s.I.]. Disponível em: https://bit.ly/3Ez0tC6. Acesso em: 21 abr. 2022.

MORTIMER, Lucio. Bença, padrinho! São Paulo: Céu de Maria, 2000.

SERRA, Raimundo Irineu. Hino n. 33: Papai Velho. O Cruzeiro. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3vDav0Y. Acesso em: 21 abr. 2022.

Downloads

Publicado

2022-05-30

Edição

Seção

Dossiê: O espaço (auto)biográfico: indivíduo, memória e sociedade