Relatos, histórias, testemunhos: modalidades da produção de narrativas autobiográficas a partir de seu contexto político e situacional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/nupem.2022.14.32.22-40

Palavras-chave:

Relatos de si, Testemunhos, Narrativas, Experiência, Trauma

Resumo

O objetivo deste artigo é refletir acerca de três modalidades da narrativa a respeito de si mesmo. Dialogamos com as reflexões de Foucault (2019) e Butler (2015) acerca das técnicas de si e da subjetivação política, que nos oferecem uma perspectiva de resistência e experimentação para caracterizar a potência transformadora do relato. Em seguida, trabalhamos a partir da perspectiva de Zygouris (1995) para caracterizar as possibilidades narrativas do testemu-nho, sobretudo em relação ao modo como eventos traumáticos são apropriados pelos sujeitos em seu processo de auto realização, desidentificação e contato com diferentes alteridades e posições de sujeito. Por meio das reflexões teóricas, intencionamos trazer à cena pontos de aproximação e de distanciamento entre as modalidades de narrativa de si mesmo. Observa-se, dessa maneira, que a narrativa autobiográfica se expande em várias modalidades entrelaçadas com seu contexto político e situacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O sacramento da linguagem. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2009.

ALLEN, Amy. Discourse, power, and subjectivation: the Foucault/Habermas debate reconsidered. The Philosophical Forum, v. 23, p. 1-28, 2009.

ALLEN, Amy. Foucault and the politics of our selves. History of the Human Sciences, v. 24, n. 4, p. 43-59, 2011.

ALLEN, Amy. Foucault on power: a theory for feminists. In: HEKMAN, Susan (Ed.). Feminist interpretations of Michel Foucault. State College: The Pennsylvania State University, 1996, p. 265-282.

ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: GEN, 2008.

ARFUCH, Leonor. El espacio biografico. Buenos Aires: Fondo de Cultura, 2010.

BARTHES, Roland. Lição. Lisboa: Edições 70, 1997.

BOESSIO, Amábile. Gênero, performance e experiência: um descortinar da pesquisa em contextos rurais mediada por afetos. 212f. Doutorado em Extensão Rural pela Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2021.

BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

CIVIL, Jude. Diálogos entre discursos midiáticos sobre imigrante e experiência de um homem negro. 115f. Mestrado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2021.

CRITELLI, Dulce. História pessoal e sentido da vida. São Paulo: Educ, 2015.

DUARTE, André; CESAR, Maria Rita. Foucault e o pensamento-escritura como experiência transformadora de si e dos outros. In: RODRIGUES, Heliana de Barros Conde; PORTOCARRERO, Vera; VEIGA-NETO, Alfredo (Orgs.). Michel Foucault e os saberes do Homem. Curitiba: Editora Prismas, 2016, p. 341-360.

FERRARESE, Estelle. La société et la constitution de soi chez Foucault et Habermas: besoins, intersubjectivité, pouvoir. In: CUSSET, Yves; HABER, Stéphane (Eds.). Habermas et Foucault: parcours croisés, confrontations critiques. Paris: CNRS éditions, 2006, p. 155-166.

FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos, v. 4: estratégia, saber-poder. Rio de Janeiro: Gen, 2012a.

FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos, v. 5: ética. Rio de Janeiro: Gen, 2012b.

FOUCAULT, Michel. O enigma da revolta. São Paulo: N-1 edições, 2019.

FOUCAULT, Michel. A ética do cuidado de si como prática da liberdade. In: MOTTA, Manoel Barros da (Org.). Ditos e escritos, v. 5: ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014, p. 264-287.

FOUCAULT, Michel. É inútil revoltar-se. In: MOTTA, Manoel Barros da (Org.). Ditos e escritos, v. 5: ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014, p. 77-81.

FOUCAULT, Michel; DEFERT, Daniel. O corpo utópico, as heterotopias. São Paulo: N-1 Edições, 2013.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1995.

IONTA, Marilda. Derivas da escrita de si. In: RESENDE, Haroldo de (Org.). Michel Foucault: política, pensamento e ação. Belo Horizonte: Autêntica, 2016, p. 147-162.

KOLTAI, Katerina. Entre psicanálise e história: o testemunho. Psicologia USP, v. 27, n. 1, p. 24-30, 2016.

LACAN, Jacques. Mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.

LAPOUJADE, David. As existências mínimas. São Paulo: N-1 Edições, 2017.

LAPOUJADE, David. Potências do tempo. São Paulo: N-1 Edições, 2013.

MARTINO, Luis; MARQUES, Ângela. Ética, mídia e comunicação. São Paulo: Summus, 2018.

MARTINO, Luis; MARQUES, Ângela. A comunicação como ética da alteridade. Revista Intercom, v. 42, n. 3, p. 21-40, set./dez. 2019.

MARTINO, Luís; MARQUES, Ângela. Reconhecer a vida e a experiência do outro. E-Compós, v. 1, n. 24, p. 1-22, 2021.

MARTINO, Luís. De um eu a um outro: narrativa, identidade e comunicação com a alteridade. Parágrafo, v. 4, n. 1, p. 1-15, jan./jun. 2016.

MARTINO, Luís. Comunicação e identidade: quem você pensa que é? São Paulo: Paulus, 2010.

McLAREN, Margareth. Resistência e revolução: “nem tudo é igualmente perigoso”. In: RAGO, Margareth; GALLO, Sílvio (Orgs.). Michel Foucault e as insurreições: é inútil revoltar-se? São Paulo: Intermeios, 2017, p. 351-362.

PESSOA, Sônia. Imaginários sociodiscursivos sobre a deficiência: experiências e partilhas. Belo Horizonte: Selo PPGCOM, 2018.

RAGO, Margareth. A aventura de contar-se. Campinas: Unicamp, 2010.

SALVINO, Matheus Henrique da. Afetos e alteridades na guerra contra a aids: diálogos para além dos muros. 250f. Mestrado em Comunicação Social pela Universidade Federal Minas Gerais. Belo Horizonte, 2021.

SANTOS, Boaventura Souza. O discurso e o poder. Porto Alegre: Safe, 1988.

SILVA, Mariana Cecília da. Eu, elas, nós; mulheres com deficiência: observações afetivas em vídeos do YouTube. 236f. Mestrado em Comunicação Social pela Universidade Federal Minas Gerais. Belo Horizonte, 2020.

VERTZMANN, Júlio. Embaraço, humilhação e transparência psíquica: o tímido e sua dependência do olhar. Agora, v. 17, n. 1, p. 127-140, 2014.

WOODWARD, Keith. Understanding identity. Londres: Polity, 2008.

ZYGOURIS, Radmila. Ah! As belas lições. São Paulo: Escuta, 1995.

Downloads

Publicado

2022-05-30

Edição

Seção

Dossiê: O espaço (auto)biográfico: indivíduo, memória e sociedade