A construção da esquistossomose como um problema de saúde pública em dois períodos na história das ciências da saúde no Brasil (1910-1950)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/nupem.2021.13.29.111-132

Palavras-chave:

Esquistossomose, Pirajá da Silva, Desenvolvimentismo, Parasitologia

Resumo

O artigo analisa dois momentos que marcam a construção da esquistossomose como um problema de saúde pública no Brasil. No primeiro, na década de 1910, abordam-se as controvérsias em torno das definições da doença que envolve o médico baiano Pirajá da Silva, personagem de uma disputa com círculos internacionais da produção médico-científica. No segundo, reflete-se sobre as mobilizações na década de 1950, em que ela entra na agenda das doenças de massa do projeto político desenvolvimentista. O argumento central é que, diante de um campo instável que marca a parasitologia e o enquadramento da doença, diversos atores são arrolados em jogos de legitimação que atuam na definição da esquistossomose como problema de saúde pública. As fontes para o trabalho são livros e compêndios de parasitologia, artigos, anais de simpósios e congressos, estudos diversos sobre a esquistossomose dos períodos, legislações e projetos oficiais sobre a doença.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Fontes

A NOITE. Três milhões de brasileiros atacados de esquistossomose. A Noite, Rio de Janeiro, v. 46, n. 15.756, p. 3, 26 out. 1957.

BRASIL. Lei n. 2.161, de 2 de janeiro de 1954. Institui a Campanha Nacional contra a Esquistossomose, e dá outras providências. Câmara dos Deputados. 06 jan. 1954. Disponível em: https://bit.ly/31JH9zD. Acesso em: 02 abr. 2021.

CARVALHO, Omar dos Santos; PASSOS, Liana Konovaloff Jannotti; KATZ, Naftale. Bibliografia brasileira de teses e dissertações sobre esquistossomose. Belo Horizonte: CPqRR, 2011.

KUBITSCHEK, Juscelino. Programa de saúde pública do candidato. São Paulo: L. Nicollini. 1955.

LIMA, Carlos Cruz. Prefácio. In: MENDES, Figueiredo (Org.). Simpósio sobre Esquistossomose: epidemiologia, diagnóstico, tratamento. Rio de Janeiro: Muniz, 1957.

MEIRA, João Alves. Esquistossomose mansoni hépato-esplênica. São Paulo: Edanee, 1951.

PELLON, Barca; TEIXEIRA, Isnard. Distribuição geográfica da esquistossomose mansônica no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, Departamento Nacional de saúde, VIII Congresso Brasileiro de Higiene, 1950.

PESSÔA, Samuel Barnsley. Parasitologia médica. São Paulo: Renascença, 1946.

PINOTTI, Mario. A esquistossomose e o Brasil: conferência. In: MENDES, Figueiredo (Org.). Simpósio sobre Esquistossomose: epidemiologia, diagnóstico, tratamento. Rio de Janeiro: Muniz, 1957.

PINOTTI, Mário. Vida e morte do brasileiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.

REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL. Projeto de lei 2.898/1953. Institui a Campanha contra a Esquistossomose e dá outras providências. Câmara dos Deputados. Disponível em: https://bit.ly/3cIyCmB. Acesso: 23 mar. 2021.

SILVA, José Rodrigues. Estudo clínico da esquistossomose mansoni (Doença de Manson – Pirajá da Silva). Revista do Serviço Especial de Saúde Pública, tomo 3, n. 1, 538f., out. 1949.

SILVA, Manoel Augusto Pirajá. Estudos sobre o “Schistosomum mansoni” (1908-1916). São Paulo: Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1953.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIGIENE. Anais do X Congresso Brasileiro de Higiene: Belo Horizonte, 19 a 25 de outubro de 1952. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1953.

SOCIEDADE DE GASTROENTEROLOGIA E NUTRIÇÃO DE SÃO PAULO. Esquistossomose mansoni no Brasil (Doença de Manson – Pirajá da Silva). São Paulo: Oficinas de Reis, Cardoso, Botelho & Cia, 1953.

Referências

ALMEIDA, Rodrigo Cavalcante de. A modernidade e as favelas: a produção do espaço urbano de Fortaleza a partir da Seca de 1932. 140f. Mestrado em História pela Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, 2012.

BENCHIMOL, Jaime Larry; JOGAS JÚNIOR, Denis Guedes. Uma história das leishmanioses no novo mundo (fins do século XIX aos anos 1960). Belo Horizonte: Fino Traço, 2020.

CHAVES, Bráulio Silva. Conhecimento, linguagem e ensino: a educação em saúde na história da ciência (1940-1971). 407f. Doutorado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2015.

FARLEY, John. Bilharzia: a history of imperial tropical medicine. New York; Cambridge: University Press, 1991.

FLECK, Ludwik. Gênese e desenvolvimento de um fato científico. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2010.

HOCHMAN, Gilberto. “O Brasil não é só doença”: o programa de saúde pública de Juscelino Kubistchek. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 16, sup. 1, p. 313-331, jul. 2009.

KATZ, Naftale. A descoberta da esquistossomose no Brasil. Gazeta Médica da Bahia, v. 78, n. 2, p. 123-125, 2008.

KROPF, Simone Petraglia. Doença de Chagas, doença do Brasil: ciência, saúde e nação, 1909-1962. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2009.

PIMENTA, Denise Nacif. A (des)construção da dengue: de tropical a negligenciada. In: VALLE, Denise; PIMENTA, Denise Nacif; CUNHA, Rivaldo Venâncio da (Orgs.). Dengue: teorias e práticas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2015, p. 23-59.

ROCHA, Thiago José Matos et al. Aspectos epidemiológicos e distribuição dos casos de infecção pelo Schistosoma mansoni em municípios do Estado de Alagoas, Brasil. Revista Pan-Amazônica de Saúde, v. 7, n. 2, p. 27-32, jun. 2016.

SILVA, André Felipe Cândido da; SÁ, Dominichi Miranda. Ecologia, doença e desenvolvimento na Amazônia dos anos 1950: Harald Sioli e a esquistossomose na Fordlândia. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 14, n. 2, p. 627-647, maio/ago. 2019.

SILVA, Renato da; HOCHMAN, Gilberto. Um método chamado Pinotti: sal medicamentoso, malária e saúde internacional (1952-1960). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 18, n. 2, p. 519-543, abr./jun. 2011.

SILVA, Renato. A guerra entre os mosquitos: a história das ações de combate e controle da malária no Brasil. Rio de Janeiro: Autografia, 2019.

VILARINO, Maria Terezinha Bretas. Hábitos culturais e cuidados com a saúde: resistências e mudanças – constrangimentos no sertão do Rio Doce (1942-1960). Belo Horizonte: Fino Traço, 2020.

WILKINSON, Lise. Illutrations from the Wellcome Library: A J E Terzi and L W Sambon: early Italian influences on Patrick Manson's “Tropical medicine”, entomology, and the art of entomological illustration in London. Medical History, v. 46, n. 4, p. 569-579, 2002.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Vector-borne diseases. World Health Organization. 02 mar. 2020. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/vector-borne-diseases. Acesso em: 23 mar. 2021.

Downloads

Publicado

2021-04-28