Somos herdeiros do pecado original? Algumas considerações acerca dos discursos religiosos perante o corpo na Antiguidade Tardia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33871/nupem.2020.12.26.96-110

Palavras-chave:

Corpo, Imaginário, Discurso

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar as representações cunhadas acerca do corpo pelos pensadores cristãos canônicos dos primeiros séculos, durante à Antiguidade Tardia e pelas religiões ditas pagãs opostas ao movimento cristão. Nesse sentido, discutiremos como era visto o corpo na sociedade romana republicana e do Império, assim como na Antiguidade Tardia, uma vez que com o advento do Pecado Original esse corpo passou a ser relegado à margem da sociedade e depreciado sob o viés da concupiscência da carne. Ademais, investigaremos a maneira como o imaginário cristão tardo-antigo gramaticalizou o corpo no âmbito das demais práticas e prédicas sociais, assim como a sua função predicada ao mesmo na instituição do casamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AGOSTINHO DE HIPONA. Los libros dobre diversas questiones a Simpliciano. Madrid: BAC, 1952.

AGOSTINHO DE HIPONA. Confissões. Santo. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1955.

AGOSTINHO DE HIPONA. De civitate dei. Vol. II, Lib. XIV-XXII. Leipzig: Lipsiae, 1987.

BACCEGA, Marcus. O sacramento do Santo Graal: decifrando o imaginário medieval. Curitiba: Prismas, 2015.

BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 1994.

BOYARIN, Daniel. Israel carnal: lendo o sexo na cultura talmúdica. Rio de Janeiro: Imago, 1994.

BROWN, Peter. Corpo e sociedade: o homem, a mulher e a renúncia sexual no início do Cristianismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.

CALÇADO, Thiago. A carne se fez verbo: confissão cristã e sexualidade em Michel Foucault. 183f. Doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2015.

CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. São Paulo: Contexto, 2016.

FEITOSA, Lourdes. Gênero e sexualidade no mundo romano: a antiguidade em nossos dias. História: Questões & Debates, n. 48/49, p. 119-135, 2008.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1970.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: o cuidado de si. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1987.

FOUCAULT, Michel. Ética, sexualidade e política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: a vontade do saber. São Paulo: Paz e Terra, 2014.

FRANCO JÚNIOR, Hilário: A Idade Média: nascimento do ocidente. São Paulo: Edusp, 2001.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

JARDIM, Rejane Barreto. A luxúria como herança de Adão. Revista do NIESC, v. 6, p. 120-128, 2006.

LE GOFF, Jacques. O homem medieval. Porto: Imprensa Portuguesa, 1989.

LE GOFF, Jacques. O imaginário medieval. Lisboa: Editoral Estampa, 1994.

MACHADO, Ana Maria. A representação do pecado na hagiografia medieval: heranças de uma espiritualidade eremítica. 595f. Doutorado em Letras pala Universidade de Coimbra. Coimbra, 2006.

MAGALHÃES, Ana Paula Tavares. A heresia como forma de resistência à exclusão social: o caso dos Beguinos (sul da França e norte da Itália, 1307-1323). Revista Dimensões, n. 23, p. 182-198, 2009.

MENNITTI, Danieli. A (des)construção do ideal de virilidade e o homoerotismo: compreendendo a(s) masculinidade(s) no principado romano. Em Tempo de Histórias, n. 1, p. 1-197, 2014.

PADOVESE, Luigi. Introdução à teologia patrística. São Paulo: Loyola, 1999.

PASTOUREAU, Michel. Une histoire symbolique du Moyen Âge Occidental. Paris: Éditions du Seuil, 2004.

RANHEL, André Silva. História do corpo na Idade Média: representações, símbolos e cultura popular. Veredas da História, v. 11, n. 1, p. 10-31, 2018.

RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação: as minorias na Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

RUST, Leandro; CASTANHO, Gabriel. A Igreja como passado: um prólogo historiográfico. Veredas da História, v. 10, n. 2, p. 9-21, 2017.

SANTOS, Dulce Oliveira Amarante. O corpo dos pecados: as representações femininas nos reinos ibéricos (12501350). Textos de História, v. 9, n, 1/2, p. 13-30, 2001.

SCHMITT, Jean-Claude. O corpo, os ritos, os sonhos o tempo: ensaios de antropóloga medieval. Petrópolis: Vozes, 2014. SILVA, Roberta Alexandrina da. Das comunidades a Roma: O feminino nas comunidades gnósticas e o processo de segregação sexual entre os porto-ortodoxos (séculos I-IV). Romanitas – Revista de Estudos Grecolatinos, n. 6, p. 39-57, 2015.

TOMÁS DE AQUINO. Summa Theologiae. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 2001.

VEYNE, Paul. Sexo e poder em Roma. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

VEYNE, Paul. “O Império Romano”. In: ARIÈS, Phillippe; DUBY, Georges (Orgs.). História da vida privada. Do Império romano ano mil. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 11-212.

ZIERER, Adriana. Significados medievais da maça: fruto proibido, fonte do conhecimento, ilha paradisíaca. Revista Mirabilia, n. 1, p. 104-119, 2001.

Downloads

Publicado

2020-06-03